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sexta-feira, 30 de maio de 2014

O "Seu "(Sr) Ratão


O "Seu" Ratão

  Minha mãe sempre contava a história do Sr. Ratão, era um rato guloso demais e vivia mexendo nas panelas da cozinha.  Um dia Sinhá Rata, pois ferver um caldeirão cheio de feijão e pele queria fazer uma bela feijoada, mas de noite o Seu Ratão foi na cozinha fazer uma boquinha e caiu dentro do caldeirão e morreu.

  No outro dia sinhá Rata, desalentada, encontrou com o cabrito que lhe disse:

__ Porque choras?

__ Choro porque o Sr. Ratão muito guloso caiu dentro do caldeirão de peles e morreu - respondeu ela.

  Então o cabrito solidário a dor da sinhá Rata disse:

__ Vou quebrar o meu chifre!

  E quebrou o chifre.  
 


 
    O cavalo estava passando e viu a sinhá Rata naquele desespero Perguntou:

__ Por que Sinhá Rata está chorando?

__ Choro porque o Sr Ratão muito guloso caiu dentro do caldeirão de peles e morreu -
 
respondeu ela – e o cabrito quebrou o chifre.

  Então o cavalo solidário a dor da sinhá Rata disse:

__ Vou arrancar meu rabo.

 

   E arrancou. 
 
 
 
 
  Então chegou o Pedro Malazarte e perguntou:

___Sinhá Rata, que choro é esse?

__ Choro porque o Sr. Ratão muito guloso caiu dentro do caldeirão de peles e morreu - respondeu ela – o cabrito arrancou o chifre e o cavalo arrancou o rabo...

  Então Pedro Malazarte perguntou:

__ Onde está o rabo e o chifre?

  Ela entregou para ele, que entrando na casa foi até a cozinha e acrescentou o chifre e o rabo no caldeirão, junto com as peles, o feijão e o Sr. Ratão.  E ficou tudo tão bonito e tão cheiroso que Pedro Malazarte não resistiu, acabou provando um pouco, e qual não foi a surpresa estava muito mais gostoso do que uma feijoada comum, e ele acabou comendo tudo!

Mazzaropi em Pedro Malasartes
 
  Lá se foi o feijão, as peles, Sr Ratão, o chifre do cabrito e o rabo do cavalo...  E assim surge a feijoada! foi um belo enterro! E a Sinhá Rata? Dizem que se casou de novo e vivem muito feliz.


 

quinta-feira, 29 de maio de 2014

A filha do Badeco


A filha do Badeco

  Há muitos anos me contaram sobre o Badeco, não sei se é verdade, acredito que sim...  No tempo da pedra lascada o Badeco casou-se com uma rainha e foi morar num palácio na Coréia.  Ali existia muita gente quase todos tinhas filhos, pobres, ricos, negros e brancos... e todos só falavam a verdade.

  Um dia Badeco facilitou e disse uma mentira, disse que sua mulher sofria de cafubira.  Nunca imaginou que ia ser uma encrenca tão grande, falar isso logo sobre a filha do rei! Chamaram os médicos era preciso saber que a filha do rei tinha ou não tinha cafubira!

  O rei ficou irado pra valer e disse:

__ Se verdade for, ou mentira, é certo que o Badeco tem que morrer.

   Os médicos examinaram a coisa, e constataram que era fatal, o Badeco escapou e o médico se deu mal, morreu no lugar do Badeco.

  O Badeco escapou, mas foi condenado a viver sem seu amor, que tristeza... Separou-se da rainha que na verdade era minha, a mentira eu que eu inventei! Mas eu quero pedir ao rei, a minha morte, que triste a minha sorte, a rainha nunca me amou e o Badeco meu amigo se matou.

 

quarta-feira, 28 de maio de 2014

O tacho de ouro enterrado


O tacho de ouro enterrado

__ Eu sei! – dizia seu Manuel

__ Sabe o que Nelzinho? – pergunta sua esposa.

__ Sei onde tem um tacho de ouro enterrado! – respondia convicto.
 

__ Então por que não vai buscar para nós? – perguntava ela, acresentando - Assim a gente sai da pindaíba...

__Não, não – respondia ele – e sabe muié, não é um tacho, é um caldeirão de puro ouro...
 

__ Busca tudo pra nós Nelzinho - insistia ela, mas ele sempre respondia:

__O que tiver que ser meu vem em minhas mãos...

  Ele arrrumara um balanço na cozinha, colocou nele o seu arreio, montava e balançava pra lá e para cá e repetia a história de sempre.  Dona Maria, coitadinha, trabalhava, cuidava dos filhos e tratava dele no balanço...

  Um dia um compadre ouvindo a história dele mais uma vez sobre o caldeirão de ouro, muito ambicioso, insistiu com o seu Manuel até ele contar onde estava o tal caldeirão: dentro de um forno dentro de um cemitério.  O compadre mais que depressa foi até lá.  Quando chegou lá, viu o caldeirão, foi pegar, era um caldeirão escuro, era puro marimbondo! Esperou os marimbondos acalmarem, pegou o caldeirão cheio de marimbondos e levou para o seu Manuel.


  Estava nervoso e jogou o caldeirão de marimbondos no seu Manuel dizendo:

__ Taí seu pote de ouro, seu mentiroso! Você além de ser preguiçoso é um grande mentiroso...Mas  como você disse que ele vinha nas suas mãos fica com esse caldeirão pra você... e foi embora bufando de raiva

  Mas quando o caldeirão acertou o seu Manoel, o caldeirão reluziu e os marimbondos viraram ouro...  ele chamou sua esposa e disse:

__ Maria, eu não te falei que o que é meu vinha nas minhas mãos, cata esse ouro! Porque ele é nosso!

  E ficou sendo o homem mais rico do mundo, só por saber esperar...

 
 

Bastião-da-boca-aberta


Bastião-da-boca-aberta

  Lá na Bahia diziam: __ Não existe homem mais feio do que o Bastião-da-boca-aberta.  È uma história muito antiga do tempo em que se amarrava o cachorro com lingüiça e ele morria de fome pois não sabia que era de comer...


  Esse homem parecia um urutau, que não fecha o bico para os insetos comer.   Bastião era assim, se acostumou a ficar de boca aberta e nada lhe escapava, falava de todo mundo, esperando ganhar algo com isso, aos poucos foi perdendo seus amigos, parentes, filhos e até a mulher.
urutau
 

  Ficou só, doente, pobre e morreu de boca aberta, coitado! E coitados dos companheiros dele do outro lado...
urutau com a boca (bico) aberta(o)
 
 

segunda-feira, 26 de maio de 2014

A galinha que comeu pimenta


A galinha que comeu pimenta

    Certa vez, uma galinha estava debaixo do pé de pimenta comendo pimenta, ta comendo pimenta, ta comendo pimenta, e uma pimenta despregou do pé e caiu na cabeça dela.  Como galinha é um bicho nada inteligente, saiu correndo gritando:

__ Socorro, me acudam, o mundo vai acabar!

  O pato ouvindo aquele alvoroço disse:

__ Minha Nossa Senhora, o mundo vou acabar! – e correu junto com a galinha...

  No meio do caminho encontraram o marreco que perguntou:

__ O que ta acontecendo?

  Contaram a história do fim do mundo e lá se foi a galinha, o pato e o marreco, cada vez mais aumentava os que acreditavam na galinha e o alvoroço aumentava, a correria também: o galo, os pintinhos, as galinha d’angola, os perus, as codornas, os cachorros, o gato da casa, embrenharam-se na mata, procurando abrigo pois era o fim do mundo.

  Mas o alvoroço não terminou por aí ao contrário só cresceu entre os bichos da floresta: micos , macacos, pássaros... todos perdidos, correndo sem saber para onde ir, fugindo do fim do mundo.  Os humanos não entendiam nada só acompanhavam o rebuliço...

  Então chegaram as margens do rio e surge um novo dilema: Como atravessar...

  Os macacos, micos e o gato disseram:

__ Nos pulamos! - e pularam.

  O galo, os perus, as codornas, os pássaros e as galinhas disseram:

__ Nós voamos – e voaram

   O pato, os marrecos e os cachorros disseram:

__ Nós nadamos – e nadaram.

  Mas a margem era muito larga, e os macacos, gatos, micos, e algumas galinhas caíram no poço e morreram afogados, os que conseguiram atravessar continuaram correndo até que encontraram uma raposa que muito esperta disse:

__ Eu sei de um lugar onde todos podem se esconder, é um lugar seguro!

  E todos seguiram felizes, a raposa até uma pequena caverna, que na verdade era a toca da raposa, que se fartou com os pássaros e galináceos...

  Moral da história? O mundo realmente acabou para eles, tudo porque seguiram uma galinha desmiolada! E a culpa foi de quem? Tudo culpa de um galo que não soube por ordem no seu terreiro!

 

sábado, 24 de maio de 2014

Tapera assombrada


Tapera assombrada

  O povo comenta muito em tapera assombrada, porteira que abre sozinha, a grota que geme, o grito da serra, a morada do Caipora, gato preto na sexta-feira...

__ Vamos lá, cale a boca e feche os olhos...

__ Que você vai fazer? –disse minha tia – isto é besteira ali nunca vi nada, isto é piada.

  Mas fui cheguei no poço d’água, vi um diamante no chão... mentira! Eu não vi, nem ouvi é nada... só queria sua atenção....

 



Contos do Pedro do Urias - A mulher do Lampião


A mulher do Lampião

  Dizem que a mulher do Lampião foi roubada pelo Coronel.  Lampião era poderoso e queria se vingar, arrumou então seus capatazes e se puseram a caminho.

  O coronel ficou sabendo e escondeu a Mariazinha no cafezal, aí que foi o prejuízo, Lampião sem saber atirou fogo no cafezal.  Mariazinha saiu correndo para o seu coronel encontrar,    passando pelo fogo, mas quando foi atravessar o rio, sua canoa furou e o coronel agitado pelo calor dos acontecimentos não teve coragem de enfrentar as águas.

   Foi então que Lampião apareceu com sua equipe e  salvou a sua mulher.  Houve uma grande rivalidade entre os dois porque o coronel gostava de Mariazinha, mas nunca conseguiu ter a Mariazinha, e o Lampião agora passou a perseguir o coronel.

  Uma vez numa festa na casa do Zé Canudo, Lampião foi e levou sua querida, e na hora da dança na troca de casais foi aquela briga, pois o desavergonhado do coronel chamou Mariazinha para dançar, Lampião não deixou e a festa acabou em tiros, e o coronel morreu.

 

Chico Mendes


Chico Mendes

    Chico Mendes era um mineiro de Colatina, era um homem perigoso que tinha muitos jagunços e gostava de mulher morena.  Chico Mendes se casou com a filha do Zé Gavião, homem abastado e era irmão do Padre José Pimenta, do tipo: que mexe, mas não agüenta.

  Chico foi morar no Sertão, adquiriu oito filhos homens e três filhas  mulheres, que como ele gostavam muito de dançar, jogar e boiada... e sempre Chico aprontava com sua valentia. Um dia o padre o chamou e disse:

__ Chico, você tem que deixar esta valentia, porque aqui no sertão é perigoso, e aqui tem um justiceiro, vingador e não quero que você arrume problemas com essa gente...

  Mas Chico Mendes não obedeceu, e um dia acabou vazando fogo num sertanejo dali.  O cabra não morreu, mas ficou sendo inimigo dele.

  Num dia de eleição no povoado de Mandinga, acontecia uma briga de galos: Um carijó e outro preto, Chico Mendes chegou e berrou fogo no galo carijó e depenou vivo o galo preto.   Ficou ainda mais famoso e mais odiado pelo sertanejo, acabando assim com a briga de galos do povoado.

  O fim de Chico Mendes, ninguém sabe não, só sei que o padre levou uma surra quando os sertanejos descobriram que Chico era o seu irmão.


 
   É importante destacarmos que a prática de briga de galos constitui crime de crueldade contra os animais previsto no artigo 32 da Lei nº 9605/98, cuja pena vai de 03 (três) meses a 01 (um) ano de detenção além do pagamento de multa. A pena sofre aumento se ocorre morte do animal. Além de constituir também contravenção penal de jogo de azar, prevista no artigo 50 do Decreto-lei nº 3688/41, com pena de prisão simples de 03 (três) meses a 01 (um) ano, além da multa e perda dos móveis e objetos decorativos do local.
 





 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

O canto do sabiá


O canto do sabiá

Sabiá laranjeira
 
  Diziam os antigos, isto muitos me falaram: que o sabiá só canta se Deus a chuva mandar.  Lá no quintal da dona Ana, vi o pássaro cantando no pé de manga onde morreu meu avô: __ tio tio – ele cantava muito bem, dava pra ver que estava apaixonado e queria se esconder...

Manga
 
  Levantavam de madrugada, para ouvir ele cantar, mas ele tinha fugido para o sertão do Paraná.  Ninguém mais ouviu o seu :__  tio tio – naquele lugar.

  Eu não sei se é verdade, que o sabiá cantou, mas dizendo o povo da cidade ele era o meu avô. Dizem que até hoje o sabiá canta na gameleira dos rincões, ele perdeu a companheira no mudar da estação.
 
Gameleira
 

  Você conhece o sabiá? Não? Nem eu... só sei que ele é cantor-mor da mata, é campeão, que no seu ninho tem filhotes e que vai comer o seu jamelão.

Jamelão ou jambolão
 
 

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Uma mulher bonita!



Uma mulher bonita!

  Quando eu morava no Paraná, ouvia sempre contar a história de uma mulher bonita, mas era muito bonita mesmo!  Um dia pensei, vou conhecer essa danada, seja solteira ou casada eu vou a encontrar.

  Saí de mula pelo deserto, andei longe, andei perto...  Já cansado de procurar encontrei um velhinho que me perguntou:

__ Onde você vai?

__ Estou procurando uma mulher bonita – disse eu – mas é bonita mesmo! A mais bonita do Sertão...

__ Meu filho, você não vai achar não, porque eu já fiquei velho de tanto procurar ela, mas nunca a encontrei.

  Agradeci a informação e piquei a mula, sem saber que direção tomar, fui andando sem parar, queria essa mulher achar, para levar ela na garupa da mula, para o meu povo ver que o valentão do Sertão conseguiu a encontrar.

  Viajei por muitos anos e a minha mula morreu, comprei um burro do cigano e continuei meu destino, chegando já em Pirapora resolvi descansar.  Dando uma volta na cidade a cigana leu a minha mão:

__Filho – disse ela – aquilo que você procura quando achar não vai querer mais voltar, vai ficar decepcionado e com vontade de morrer...

 

   Paguei a filha da mãe e continuei a caminhar.  Um dia sem esperar achei a mulher: bonita, mas bonita mesmo! E solteirinha...  Eu já tava maduro, pronto pra casar, a pedi em casamento e logo a levei para o altar.  Mal cabia em mim de tanta felicidade, fiz a festa mais bonita da cidade...  a cigana errara feio...

  Mas feia era a minha sina e eu não sabia, o tempo passou e a bonita ficou muito feia, mas feia mesmo! Cada vez que eu olhava nela via a morte refletida, a minha morte, peguei o burro e fugi pro sertão de Goiás, moço pra lá eu não volto nunca mais!