Meu sócio é Deus
Deus é grande e poderoso e faz infinitamente mais do que pensamos. Já contei anteriormente como construí nossa primeira casa: “A casa da Colina” E como Deus nos presenteou com a casa enorme para recebermos os servos de Deus em Cumari, mas a medida em que o tempo passava novas necessidades surgiam primeiro porque a Sônia queria fazer faculdade e depois a Silsa. Era preciso construirmos uma casa em Catalão.
Morando ainda em Cumari compramos um lote a prestação em catalão na Vila União no Vale do Sol, economizamos ao máximo, até na qualidade dos nossos produtos alimentícios e de limpeza e empreitei a construção da casa para um irmão presbítero da Igreja Assembléia de Deus de Ouvidor. Após alguns dias fui ver como a construção andava. Quando lá cheguei fiquei muito triste, pois o irmão não havia feito a fundação da casa corretamente, era como construir uma casa na areia, tijolos por cima da terra, nada de pedras...
Agradeci e dispensei os serviços do irmão, desmanchei tudo, limpei os tijolos e decidi eu mesmo construir a casa. Ia para Catalão três dias na semana e ficava na casa do irmão Otaviano e irmã Lina casal abençoado da Igreja de Deus, enquanto que escalava os diáconos da igreja de Cumari para dirigirem o culto. Trabalhava sozinho até que um dia chegou o Senhor Lindolfo com seu genro procurando serviço, os dois eram pedreiros bons. Os contratei e dentro de uma semana erguemos a casa. Fui a Cumari e arrumei o caminhão do Senhor Hannah e trouxe: madeira, vitrôs, portas, brita da estação, e oito sacos de areia grossa, as telhas compradas a baixo preço na cerâmica onde meus irmãos trabalhavam, muita coisa era usada e ganhada. Cobrimos a casa e daí eu continuei a terminar sozinho, agora agradeci a hospitalidade do irmão Otaviano e passei a ficar na minha casa...
Fiz minha cama em cima das tábuas nos andaimes e forrava com mata-pasto (praga da região) e forrava com um lençolzinho que cama cheirosa e gostosa, no outro dia voltavam a ser apenas andaimes... Após trabalhar o dia inteiro até entardecer eu ia fazer uma janta que sobrava para o almoço do dia posterior na trempe com gravetos de madeira, serragem o que viesse. Tomava um banho de cavalo, daqueles com um balde de água e um litro, à luz de uma lamparina de óleo queimado.
Quando já havia assentado as portas a Sônia mais a Silsa vinham comigo, nunca comi tanta sardinha, salsicha e skinny como naquela época. Mas Deus não me deixava só, o Senhor Brasil (in memorian) meu futuro vizinho, e o irmão Otaviano (in memorian) traziam café, pão, almoço... Que Deus os possa recompensar.
Terminamos casa ainda não havia energia, asfalto nem pensar... mas minha sogra passava por dificuldades e nem chegamos a morar nessa casa, doamos para ela que Deus abençoou ali por 10 anos, pusemos bomba na cisterna e logo a energia chegou, mas 10 anos passam depressa e logo Deus abençoou que ela construiu uma casa confortável. Pouco depois a Silsa adoeceu suspeita de tumor no cérebro, nas radiografias mostravam duas calcificações e eu vendi a casa, e comprei um fusca para ela e paguei os exames e internações com o dinheiro. Mas Deus a curou após uma oração do Pastor Eurípedes e tudo desapareceu.
Este é o Rodrigo, fusca que dei para minha filha quando ela tinha 18 anos.
O objetivo e as necessidades continuavam as mesmas... e começamos novamente a economizar e compramos outro lote também na Vila União e tudo recomeçou, começamos a comprar materiais de construção e estocar no quintal e novamente meus irmão Bráulio e Lazim me ajudaram, trouxeram todos materiais e eu fui novamente para a casa do irmão Otaviano e tudo se repetiu como da outra vez... Quando estava terminando o piso um vermelhão lindo, a Sônia passou no vestibular e tivemos que mudar logo, sem energia, sem bomba na cisterna da área, no meio do braquiára mas agora tínhamos o Senhor José Mariano Rosa e a Irmã Helena para nos ajudar.
Assim ficou a Sônia e a Silsa em Catalão e eu em Cumari ainda dirigindo a igreja, na casa do meu irmão Braz e irmã Zita, como me ajudaram nessa fase quase cinco anos! Ficava em Cumari 4, 5 dias e ia para Catalão ver minha família 2,3 dias.
Vendi minha casa em Cumari e compramos outro lote também na Vila União em frente a nossa casa, e começamos a construir outra casa, minha preocupação agora era com a Silsa já ficando moça, eu não sabia com quem ela ia se casar e se iam ter condições de pagar aluguel. Construí então a casa da Silsa, como ela queria, escadas, jardins, poços d’água para peixes, varandas... e véspera do casamento precisava terminar e não tinha como escrevi então na parede da cozinha dela: Deus proverá. E Deus proveu mesmo! Casei minha filha sem ficar devendo nada a não ser obrigação aos irmãos e amigos. Até hoje encontra-se escrito na parede da casa apesar de quase 16 anos e ter pintado a casa várias vezes continua os dizeres: Deus proverá.
A casa que eu construí para minha filha e o fusca (Romeu) que doei para meu genro
Então meu pai Urias Lourenço partiu para o Senhor e deixou um sítio para seus filhos, apesar de amar muito o lugar onde eu havia nascido e criado, eu não tinha planos de voltar para Cumari e vendi minha parte para meu irmão Bráulio, comprei novamente um lote na Vila União dessa vez do lado da casa de minha filha, eu sempre brincava com ela que ia fazer uma risca no chão da rua para neto não atravessarem para minha casa, então Deus me deu o lote ao lado para não precisar da Hadassa atravessar a rua.
Comecei a luta novamente, sem dinheiro, só pela fé. Peguei um barraco do irmão Antônio Calaça para reformar em troca de um lote no Jardim Catalão no fundo do Vale do Amanhecer, lá fiz um barraquinho com os tijolos velhos que ganhei do pastor Eurípedes da antiga casinha de trocar para batismo e vendi para o Pastor Cornélio doar para um funcionário. Assim aos poucos construí a casa da Sônia, mudamos para ela e alugamos a que havíamos morado, agora tínhamos mais uma renda e a nossa filha morando ao nosso lado. Nem cercas haviam entre os quintais.
Nossas casas
Comprei um fusca (Jabuti) para a Sônia e agora tinhamos condução para passearmos e irmos para a igreja e esta com ela até hoje.
Jabuti, lento mas bom!
Mas meu genro trabalhava muito à noite, viajava para Goiânia tirando brevê de piloto e a Silsa ficava muito só com a Hadassa e o casamento deles já não ia muito bem, resolvi então construir um sobrado uma casa maior que abrigasse as duas famílias. Compramos outro lote do lado da casa onde morávamos e marquei o sobrado e todos achavam que eu estava ficando louco, além de ser uma construção eu não tinha nada além da fé. Ajuntei uma areia lavada na rua, uns pedaços de ferro velho e comecei a fazer armação, alguns vizinhos diziam que agora eu havia passado a ajuntar lixo e entulho...
Cortei as mangueiras, abacateiros e fiz lenha que troquei com o Senhor Valdomiro em troca de 3.000 tijolos já que ele tinha uma olaria, e comprei mais 2.000 tijolos dele. A minha esposa Sônia havia feito um consórcio de dinheiro para comprar uma moto para mim eram novecentos mil reais, e eu comprei uma M.L ano 80, de cor prata, cinco marchas... fiquei satisfeito demais, andava nela pela região toda, mas o oleiro do Senhor Valdomiro ofereceu-me 25.000 tijolos em troca dela e eu aceitei, agora eu já tinha tijolos de sobra: 30.000 tijolinhos!
Minha moto era semelhante a essa, mas abri mão dela por um sonho bem maior!
O prefeito em exercício Dr José Stalin em Goiandira soube pelos irmãos que eu estava construindo uma casa e mandou para mim dois caminhões de pedra bruta e dois caminhões de areia, paguei a um caminhoneiro para trazer um caminhão de cascalho, agora eu já podia ver o meu sobrado pronto. Fiz a planta e levei para o engenheiro ele deu aprovação, mas observou que a segurança da fundação era mais do que precisava havia muitas colunas, mas fiz como eu havia planejado não queria um prédio todo rachado.
Pedi ao irmão Luiz Elias que trabalhava na prefeitura que desterrasse o terreno para eu começar a construção e ele bondosamente atendeu o meu pedido, mandou a máquina e os caminhões, retiraram 16 caminhões de terra do terreno, depois do terraplenagem peguei a trena, marreta, estacas e linha e marquei o sobrado 7 metros de largura na frente e 16 metros de comprimento, com dois andares. Ali perto 9 “amigos” olhavam o que eu fazia e foram até onde eu estava para dizer que eu estava doido, para eu fazer uma casa menor, que eu já estava velho que não ia dar conta, que eu ia morrer antes de terminar que eu ia passar vergonha,... diziam tantas coisas... mas além da coragem Deus havia me dado persistência e paciência, respondi a todos:
__ Eu vou fazer em nome de Jesus.
E pus mão na obra sozinho, furei os buracos das colunas até dar na pedra bruta e fiz o alicerce na pedra bruta e soquei todas as pedras que havia ganhado com o meu picolé ( soquete) de eixo de mercedão, enchi as colunas e dia após dia assentei todos os tijolos, chegou a hora de fazer a laje, para subir para o segundo andar eu subia na escada e punha a viga de um lado, descia subia na escada e punha a outra ponta do outro lado, uma por uma. Não sei quantas vezes subi naquela escada... E o povo dizia ele vai morrer arrebentado! Eu comecei essa construção já com meus 62 anos, era pedreiro, servente e o que precisasse só com a companhia de Deus no trabalho.
O início da obra
Nesta época já havia começado o “conversê” uns diziam que o sogro de minha filha: Sebastião Barbosa (Tito) na época prefeito de Mairipotaba estava desviando a verba da prefeitura e construindo meu sobrado, outros diziam que eu como pastor estava lesando a igreja, mas ninguém sabia o que passávamos em casa, os sacrifícios que fazíamos para comprar cada material e o qual cansado eu ficava sozinho trabalhando... Então um dia já farto de fofocas escrevi numa placa e pus na porta da construção: “Meu sócio é Deus” ao lado da placa do engenheiro e então as fofocas cessaram e é realmente assim! Escrevi um hino com este tema, e até hoje eu penso assim: eu entro com a força dos meus braços e a minha força de vontade e Deus faz todo o resto, inclusive dar forças aos meus braços...
Uma certa tarde já eram 16:40 horas eu estava colocando as últimas lajotas sobre as vigas rapidamente a Sônia me chamou:
__ Pedro!
__ Oi
__ Você não vai para a igreja? Já é hora de parar para tomar banho...
__ Vou já estou terminando.
Mas vi um caminhão betoneira encostar em frente da construção o motorista desceu e perguntou-me:
__ O senhor é o dono da construção?
__ Sou - respondi
__Onde posso despejar o concreto?
__O senhor deve ter enganado de construção, não pedi concreto nenhum, não tenho dinheiro para isso...
__Não – afirmou ele com convicção – é para eu deixar esse concreto é aqui mesmo!
__ Quem mandou?
__ Não posso dizer – disse-me ele
__ Então pode despejar aqui na rua mesmo...
Ele deixou o concreto e se foi nunca mais o vi... e até hoje não sei quem mandou o caminhão de concreto. Chamei minha esposa e disse a ela:
__ Pegue o Jabuti (fusquinha) e vá para Goiandira dirigir o culto para mim, e conte aos irmãos o que aconteceu.
__ Pegue o Jabuti (fusquinha) e vá para Goiandira dirigir o culto para mim, e conte aos irmãos o que aconteceu.
Assim ela fez, e eu peguei o carrinho de mão, a pá e a enxada e concretei toda a laje, quando minha esposa voltou da igreja eu estava terminando, morto de cansaço, mas feliz demais com o que Deus havia feito por nós.
No outro dia tirei para descansar e apareceu lá do nada sacos de cimento. Várias outras pessoas me ajudaram como o Senhor José Salvador me deu cimento, Augustinho carreou material mais barato para mim...
Trabalhei sozinho por dois anos e oito meses, às vezes parava por falta de condições, as vezes por estar doente, mas não desistia daquele sonho que Deus havia plantado no meu coração. Fui até a fazenda do irmão Darcílio Rufino e cortei a madeira de escoramento que ele havia me doado e duas varas bem longas que fiz uma escada bem grande e lá fui eu subir na escada para fazer o madeiramento, caibros, ripas, telhas... uma por uma até que todas formaram o telhado eu subindo e descendo a escada agora na altura de dois
Andares, aos 63 anos.
A obra adiantada... Deus renova minhas forças a cada dia
Ia eu mesmo para os córregos e tirava a areia do fundo água até a cintura, depois que ajuntava um montão, o Augustinho buscava para mim... E lá fui eu rebocar... Vendi minha casa que eu havia construído de frente e morado primeiramente para comprar o material para terminar a construção: cerâmicas, pias, vasos sanitários, canos entre tantas coisas... E lá fui eu assentar cada uma das cerâmicas, aí tive ajuda da Sônia e da Silsa que foram rejuntar as cerâmicas que eu assentava. As nossas mãos eram lavadas todos os dias com limão e açúcar e depois passávamos óleo de cozinha, pois o cimento queima a pele e até terminarmos tudo as nossas mãos estavam quase em carne viva. A minha roupa eu mesmo fazia questão de lavar, tinha que deixar de molho de um dia para o outro devido à quantidade de sal, cimento e gordura que eu suava e sujava, ficava dura demorava a molhar...
Terminado esse trabalho pagamos ao Paulo meu vizinho para fazer a parte elétrica da construção, ele fez bem mais barato e bem feito. Depois fomos pintar portas, venezianas, paredes, tudo no pincel e rolo. As grades da sacada e da sala foram cortadas por mim e paguei um senhor para soldar como eu queria.
Minhas netas se divertindo em frente a nossa casa
Estávamos tão agradecidos a Deus, levamos uma semana para conseguirmos mudar para o sobrado, afinal era mudança de duas casas, mas fazíamos tudo com alegria e gratidão a Deus. Nossa casa consiste de: 3 salas, seis quartos sendo quatro suítes, 5 banheiros, um salão para festas, duas cozinhas área e garagem para os dois fuscas. Mas toda honra e glória pertence a Deus sem ele eu estaria já morto, com a alma perdida para sempre, sem nada.
Nossas casas
Mas o irmão José Justino pregou para mim e despertou em mim o desejo de conhecer Jesus, eu fui à igreja e fui bem acolhido pela Pastora Orsila, aceitei Jesus e o Missionário Haroldo orou por mim e Deus mudou toda a minha história, hoje sou Mais que um vencedor em Cristo Jesus.
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