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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Págs 132 a 139


A Seara é grande


Igreja Evangélica Assembléia de Deus de Cumari GO hoje nem lembra mais a aquela igrejinha do início.
  Agora como cooperador, dirigindo a aquela Congregação havia muito a fazer.  Comecei logo a trabalhar, visitando as fazendas, de bicicleta (a Suruana). Fazíamos cultos nos lares e eram uma benção.

Igreja de Cumari reunida na casa do Pastor Braz após um culto abençoado!
  Às vezes chegava meia noite, molhado, resfriado com a geada às vezes era tanta que um ia cheguei com o bico do boné branco de gelo, freava a Suruana (bicicleta) para tocar o pedal, quantos tombos, quanto pneus furados na estrada, 25 km de Cumari, com a esposa Sônia na garupa e a Silsa (filha) no cano, e cortava o eito às vezes passava pelo meio do pasto atalhando e minha esposa ficava com as pernas arranhadas por unha–de-gato...

Minha família abençoada.
  Comprei um violão menor para a Sônia que logo aprendeu a tocar e a cantar comigo.  Na igreja de Cumari tínhamos 12 violões (Sebastião Fernandes, Braz, Deoclésio, Sônia, Silsa, João Bezerra, Sirene...e outros) um bumba feito de couro de vaca que eu mesmo fiz,que o irmão João Tereza tocava e Deus abençoava, tinha também um tarol,  um reco-reco, um chocalho, um pandeiro, um trim (irmã Iracema), um prato, formávamos uma bandinha... e quando juntava o povo dos Dourados a banda crescia ainda mais...tínhamos três acordeons na época, a minha, a do Neném Izídio, e do irmão Chico Anselmo...
Nossa banda encantava a todos...
  Para comprar meu primeiro acordeom foi uma luta... Eu não tinha dinheiro então perguntei ao meu pai se podia plantar uma roça para com o dinheiro da colheita do milho comprar um acordeom.  Nem gradeei a terra plantei sem preparar o solo, meu pai disse que eu estava ficando doido.
  Logo o milho nasceu, peguei na enxada e Deus abençoou deu dois carros e meio de milho.
  O Senhor Neguinho havia comprado uma acordeão da marca escala, 80 baixos para seu filho José Antônio aprender a tocar, mas esse desistiu e eu dei todo o milho em troca do acordeão... E agora eu não sabia tocar, a Sônia fazia a posição no violão e eu procurava os sons no acordeão e comecei a levar para a igreja, os irmãos diziam:
__ Irmão Pedro assim não dá, não vai...
__Vai – eu dizia.
Logo estávamos tocando juntos.  Toquei nesse acordeão por 6 anos até que ela afrouxou.

Prova de fé
    O Sr. Oliveira Fulô tinha uma acordeão muito bom 120 baixos marca Capri, mas não vendia, por mais que eu insistisse em comprá-la, e eu queria demais aquela acordeão. Então um dia numa sexta-feira falei pra a Sônia:
__Se Deus não mandar o Oliveira me vender àquela sanfona eu vou entregar a igreja pro Pastor Eurípedes segunda-feira.
__ Você ta ficando louco – disse-me ela.
Passou sábado, domingo cedo fui dirigi a escola dominical em Cumari, almocei e fui para Anhanguera dirigir a escola dominical de lá, voltei e quando estava jantando a Sônia falou:
__E agora? Você vai ter que entregar a igreja...
__ Vou – disse eu – Se Deus não me der a sanfona também não vou trabalhar para Ele.
   Bateram na porta, fui atender, era o filho do fazendeiro, hoje irmão Ademar (Ademarzinho) que me disse:
__ meu pai mandou dizer que se o senhor ainda quiser comprar a sanfona, agora ele vende o preço é 40 mil.
   Deus já tinha me dado o dinheiro 80 mil...
__ Rapaz – disse eu – diz para o seu pai que amanhã eu vou para os Dourados e passo na casa dele lá pelas15: 00h .
   No outro dia pus 40 mil em cada bolso e fui pra fazenda.  Chegando lá ele pegou a acordeão e a pôs em cima da mesa, e disse:
__ Mas é 40 mil em dinheiro vivo!
 Enfiei a mão em um dos bolsos tirei o dinheiro entreguei a ele, ele contou e disse:
__ Você me tomou a sanfonona... Rimos. Eu amarrei a sanfona na garupa da bicicleta e fui tocar nela já no culto dos Dourados.  O irmão Sebastião Izidio foi o primeiro a tocar nela... Que felicidade...
 Após alguns anos o irmão Alcides Florisbelo fez a doação de um acordeão para a igreja, agora várias pessoas já tocavam 120 baixos, marca Universal, fomos até a Uberlândia comprá-la novinha... E está na igreja até hoje.


Acordeão doada pelo Diácono Alcides Florisbelo para a Igreja de Cumari Go


Com muita sede...

  O primeiro limão Taiti que eu vi foi o dono da Fazenda Dourados plantou, seu Arnaldo Borges.   O irmão Valinho me deu dois limões e eu guardei.  Quando encerrei o culto mais ou menos as 09: 00 hrs, fui embora empurrando a bicicleta até subir um morro íngreme o Mamparra, quando chegou no Serrado do Sr. Inácio Cândido minhas forças acabaram, deitei a bicicleta no meio da estrada, lembrei-me dos dois limões, abri a pasta tirei os dois, furei com a unha, casquei e comi com o bagaço sem sentir o azedo... Depois de algum tempo, as forças voltaram eu montei de novo e fui para casa.
  Depois de algum tempo fui consagrado a presbítero, e continuava a trabalhar, na igreja de Cumari, Dourados, fundamos a igreja de Anhanguera, fazíamos cultos no Chiqueté, Guariroba, Capoeirão, Ponte do Batalhão Mauá, Ponte da Estelita, Barra Azul...


Eu na minha fiel companheira: Suruana mais de 40 anos juntos
   Nossa casa era cheia de gente, sempre tinha alguma coisa: casamento dos irmãos, velório, irmãs com recém-nascidos, endemoniados a serem libertos, doentes em busca de cura, obreiros visitando o trabalho...  Às vezes a Sônia ficava na máquina costurando, dando banho em defuntos, e eu fazendo caixões embaixo do pé de uva, e os irmãos na sala velando...
  O domingo era cheio... fazíamos escola dominical de manhã em Cumari, e depois do almoço na Anhanguera, ou fazíamos visitas nos asilo, nas casas, tocando cantando... antes do culto à noite tinha culto ao ar livre principalmente na esquina do irmão Neca, onde pregávamos a palavra sem medo... e depois tinha o culto à noite empre com visitas abençoadas: irmão Paulista, irmão Pedrinho, irmão Luís do Carmo, entre tantos...
  Nas festas da igreja, sempre fazíamos janta: grandes tachos de arroz, frango caipira, tutu de feijão, macarronada com o macarrão grosso Madremassas de pacote, e salada de tomate com repolho, todas as igrejas (IDB, CCB...) eram convidadas e participavam não só dos cultos, mas da janta.  O irmão Benerval era o tirador de água da nossa cisterna no sarilho, que jamais secou e abastecia a todos.
  Quantas festas, avivamentos, batismos, aniversários (Gilson e Vilma na casa da irmã Helena), apresentações de crianças, surpresas para mim, casamentos... Não dá para citar todos, mas um marcou em especial:
  Era dia de Culto de Doutrina e Oração e é costume da igreja ser um culto só para os membros e todos sabiam disso.  Mas naquele dia o irmão Benerval chegou trazendo um visitante entrou pelos fundos da igreja, pois a porta da frente ficava fechada nesses dias. E nem vimos o visitante.  Logo começamos a orar e Deus revestiu a todos com o seu Espírito Santo e usou a irmã Neuza esposa do hoje pastor João dos Santos dizendo: __”Meu servo ungido tem uma ovelha aqui dentro que ainda não é das minhas.”
  Parei a oração e vi aquele moço moreno, magrinho sentado no banco junto com o irmão Benerval, perguntei a ele:
__ Você é crente?
__ Não Senhor - respondeu-me ele.
__ O Senhor não quer voltar amanhã? Hoje é culto é só para membro... Ou você quer aceitar a Jesus?
__ Eu vim foi pra aceitar a Jesus!
 Aleluia! Oramos por ele.
 Desde aquele dia ele não faltou os cultos, recebeu o batismo no Espírito Santo com tanto poder que todos ficaram assustados, ele estava todo molhado de lágrimas e ele também e disse:
__ dei uma bobeira aqui!
__ Não - disse eu - você recebeu o batismo com o Espírito Santo!
 Batizou-se nas águas e continuou firme com o Senhor.
  Um dia Ileide minha irmã deu uma tesourinha para a Silsa minha filha, e ela entrou para o quarto e cortou um dos cachos de seu cabelo, e eu fiquei tão contrariado, pois achava o cabelo dela bonito e tinha o desejo de que ela nunca cortasse o cabelo. Devolvi a tesoura pra minha irmã e guardei o cacho de cabelo num envelope e colei.  Por fora escrevi: Não abra! Minha intenção era que quando ela crescesse eu mostraria a ela o cabelo cortado.  Eu havia sido ensinado que era honroso para a mulher ter o cabelo grande... Ninguém sabia o que eu havia feito com o cabelo.
  Mas num culto de oração Deus mostrou para o irmão Rivadávio tudo! O envelepe o cacho de cabelo e o que eu havia escrito, até a mala que eu colocara o cabelo dentro.  E logo após a oração contou o que Deus havia lhe mostrado.  E me disse que Deus havia falado para ele que era idolatria.  Disciplinado por Deus eu assumi frente aos irmãos logo após a oração:
__ Isso é lá em casa! E contei o que eu havia feito. Chegando a casa pus o envelope com cabelo e tudo no fogo.
  Naquele dia compreendi que idolatria não é apenas você ter uma imagem de um santo em casa, ou rezar em frente a um ídolo, você pode idolatrar, seu filho, uma foto, seu carro, sua casa, sua namorada... e eu estava idolatrando uma mecha de cabelo louro cacheado da minha filha! Pedi aos irmãos que procurassem em casa nos guardados e levassem para a igreja toda idolatria que encontrassem... Você não tem noção da quantidade de santinhos, em cartõezinhos de sétimo dia, propaganda de pais de santo, folhinhas...dando margem para que o inimigo entrassem na casa deles e na vida deles, uma fresta aberta para  o inimigo matar, roubar e destruir vida.  Tantas coisas foram encontradas nos pertences dos irmãos, às vezes guardados sem perceberem. Fizemos uma grande fogueira e destruimos tudo em nome de Jesus.
  Bem Deus continuou a nos abençoar e um dia o irmão Rivadávio demonstrou o desejo de se casar e havia em Cumari uma jovem filha do irmão João Vicente que também queria se casar... Então eu resolvi falar de um para o outro e logo se encontraram, mas Maria Madalena era da Igreja de Deus e logo ele disse a ela:
__ a gente vai se casar só se você for para a Assembléia de Deus onde eu congrego.
  Ela concordou e ele falou com o Irmão João Vicente e sua esposa irmã Gercília, e Deus abençoou, ficaram noivos e logo marcaram a data do casamento.  No dia do casamento que beleza, a igreja encheu, até o prefeito da cidade na época Dr. Fausto Jaime estava presente, ela dentro do carro, ele dentro da igreja e o Pastor Eurípedes não chegava...
 Esperamos por duas horas e nada! Ela estava começando a ficar nervosa e eu ainda mais...
  Então o irmão Zequinha (José Florisbelo) me disse:
__ faz o casamento irmão Pedro!
__ Fazer como? - disse eu – eu nunca fiz casamento antes! E também não tenho autorização para fazer!
__ O pastor não vem,deve ter acontecido alguma coisa – disse-me ele – Faz se o pastor achar ruim eu converso com ele.
  Bem resolvemos fazer o casamento.  Até hoje dizem que foi o casamento mais bonito que já assistiram... Foi um casamento abençoado! Deus continuou a abençoá-los, se mudaram para Catalão e continuaram fiéis ao Senhor, tiveram filhos abençoados, o mistério deles cresceu em graça e sabedoria, irmã Maria como Presidente das Senhoras e ele como presbítero trabalhando para Jesus até que o Senhor o chamou pra si.

Primeiro casamento que eu realizei na vida e em Cumari


 
Presbítero Rivadávio e irmã Maria Madalena


Familia e amigos  
Da esquerda para a direita: Rivadávio, Maria Madalena, Soraia, Sônia minha esposa e o irmão João Vicente pai da noiva.
  Depois deste casamento o Pastor quase não ia mais fazer os casamentos, eu mesmo ministrava, e assim foram vários: Aparecida e Manoel, Luzia e Divino Antonio, Marinéia e Antônio, Maria e Aparecido, e o Pastor Eurípedes fez o casamento abençoado de minha sobrinha Sirene e Edvaldo, Divani e João Batista...

 Marinéia e Antônio
Divani e João Batista


Um comentário:

  1. Não tenho palavras para descrever a grandeza de um homem de Deus como Pastor Pedro Lourenço.
    Exemplo para todos!
    Sinto-me muito feliz por tê-lo aqui na minha cidade!
    é uma honra pra todos nós!

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