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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Págs 160 a 166

Fazendo cultos no Grupo Escolar
   Com o passar dos anos tivemos que passar a fazer os cultos no grupo, a escola da Fazenda, visto que havia chegado o diácono José Geraldo de Araguari para nos ajudar e sua esposa irmã Norma, era professora da escola fora contratada pela Prefeitura de Goiandira, o espaço era maior e o Badê não estava lá...
   Badê era um senhor que tinha problemas mentais ele tomou posse da nossa igrejinha, e passou a morar ali, arrancou os bancos e ficava fazendo barulho atrapalhando o andamento dos cultos... então resolvemos passar os cultos para a Escola.
  Quantos batismos, casamentos,aniversários e surpresas...

   Os casamentos eram realizados em Cumari mas a festa, nos Dourados!

Primeiro fazíamos um culto em ação de graças pela vida do(s) aniversariante(s)...
Nas fotos:Diácono Alcides Florisbelo, diácono José Geraldo, Sebastião Izídio...

Cantávamos e contavamos as bençãos e depois...
Olha só que delícia...

Cantávamos os Parabéns
Tirávamos fotos...
É verdade que na pressa para comer o bolo as vezes cortávamos as pessoas pelo meio...
A Família reunida e abençoada: Rosa, irmã Maria de Lurdes  e seu filho aniversariante
Ednamar, Helaine e o aniversariante... Muito felizes
Com muitas palmas e alegria!

Celebrávamos mais um ano de vitórias...
De vida e de sucesso...
Olha só a alegria de todos...
Era contagiante...

A Cura de Lúcia

  Havia na Fazenda Dourados um senhor por nome de Sebastião Batista, tinha filhos homens e apenas uma filha mulher, Lúcia (hoje nossa prima), a família toda aceitou Jesus, menos ele.  Um dia fazíamos um culto na casa do irmão Eurípedes, e ele foi, pregamos para ele, mas ele estava irredutível dizendo:
__Não.
__ O que o impede de ser um crente? – perguntei a ele.
__Ora essa – respondeu-me ele – eu não sou crente porque não quero!
  Continuamos a fazer cultos e ele sempre assistia.  Um dia sua filha adoeceu, o Sr. Arnaldo Borges, patrão de Sebastião dono da fazenda levou a menina para Goiânia, fez exames, e constataram um tumor na cabeça da menina.  Voltaram para a Fazenda e depois de oito dias voltaram novamente para o hospital.
  Estávamos dirigindo mais um culto abençoado quando Sebastião chegou com a filha nos braços e me disse:
__ Hoje eu vim para aceitar Jesus, e você vai orar para Lúcia, senão ela vai morrer.
  Continuamos o culto e quando fui orar pelos enfermos, ungi o pé do ouvido de Lúcia, onde doía.
  A irmã Fátima, mãe de Lúcia e esposa de Sebastião, havia feito um tacho de sabão e havia deixado para enrolar o sabão depois do culto.  Chegando a casa o agora irmão Sebastião foi dormir com os meninos e a irmã Fátima ficou com Lúcia acordadas para enrolar o sabão.  De repente sentiram um mau cheiro, um cheiro repugnante, era o ouvido de Lúcia, que vazava toda a infecção, todo material do tumor vazando rosto abaixo e caindo no chão.  Deus havia operado Lúcia de dentro para fora, ela cresceu, se casou e sempre serviram a Cristo.  O irmão Sebastião tocava acordeão na igreja e cantava com sua esposa: “No reino de Deus ainda há lugar...”, até que depois de muitos anos o Senhor os chamou.

Na foto de blusa branca Lúcia a menina curada de um tumor

Caravanas
  Sempre nos congressos em Catalão marcávamos presença, apesar das dificuldades de locomoção e distância.

Irmãos na porta da igreja sede em Catalão GO

  No Natal comemorávamos o Nascimento de Jesus Cristo, mesmo sabendo que não é a data correta, mas isso não importa, importa é que Cristo nasceu, e deu a sua vida para nos salvar.


Na foto: irmã Maria de Lurdes, irmã Fátima(nosso Papai Noel) e irmã Norma com suas filhas

Diácono José Geraldo, Rosa, Papai Noel, ? e Valdivino
Diácono José geraldo, Rosa, Papai Noel, ? e Valdivino
Tempo de esperança...

De simplicidade, nostagia...


O preço que paguei pelas almas dos Dourados


   Esse foi o preço que eu paguei pelas almas lá dos Dourados: andar as cegas de bicicleta por oito anos e oito de Xispa, ver onça, levar tombos... Não fazia isso para fazer graça para ninguém, nem para me engrandecer... Apenas dedicava meu tempo para o Deus que havia me salvado e me curado, dando a Ele tudo o que eu tinha. E quando eu fui transferido para Goiandira, a Congregação acabou, muitos irmãos se mudaram, outros desviaram, mas ficou na história aquele tempo abençoado.

 

Muitos já estão com Deus: Rosa e irmã Ana, mas continuam vivos na nossa memória

Outros cresceram muito! e já até se casaram...Mas outros continuam firmes esperando Jesus voltar: Irmãs Helena e Maria de Lurdes ... entre tantos.



  Sinto muitas saudades daqueles irmãos: irmão Antônio Manoel cantando “Assim que Deus me batizou” (ficou louco e foi internado no Adauto Botelho onde faleceu), irmão Valdemar (diácono já está com o Senhor) e família, irmão Vardinho e família, irmão Pedro Batista e família, irmão Armando e família, irmão Valim e família, irmã Maria do Rosa (esposa do Sr Rosa) e filhas, irmã Ana, irmão José Geraldo e família, Irom, Baltazar,Valdivino Izídio e família,entre outros...






domingo, 28 de agosto de 2011

Capítulo 14


Aventurando nos Campos do Senhor

  Naquela época eu me dividia entre Cumari, Anhanguera e Fazenda Dourados, de bicicleta! O irmão João dos Santos, Antônio Calaça, Natal Teresa... Eram meus companheiros de viagem...
  Naquele tempo bicicleta era coisa rara! Um dia um irmão fazendeiro foi a Cumari fazer compras e no caminho, furou o pneu da bicicleta dele, e em Cumari não tinha borracharia, só o Sr Basílio remendava, e ele tinha viajado.  Então o irmão foi na minha casa e tomou minha bicicleta emprestada até no outro dia.  Foi para sua fazenda levando: querosene, açúcar, sabão, café, um saco de sal de trinta quilos.   Quando foi descer para a sua casa, tinha uma descida longa e ele não sabia que a minha bicicleta estava muito ruim de freios.  Lá se foi ele correndo, quando quis parar, foi tarde, o freio não obedeceu... Marcou o mourão da porteira com a roda da frente que acabou ficando junto com a de trás, quebrou tudo, esparramou a mercadoria e ele ficou todo esfolado...
  Arrumei outra bicicleta, ou melhor, montei pedaço de uma, pedaço de outra que eu trocava com o Zé Bonitão.
   Um dia, vínhamos dos Dourados, eu e o irmão Natal, andávamos no escuro, eu não tinha lanterna, quando relampejava eu achava bom, pois clareava a estrada, mas naquele dia não estava chovendo e nós estávamos uma carga com cerca de 60 laranjas baianas, que havíamos ganhado dos irmãos, num saco na garupa.
Chegando ao Córrego da Cerâmica, estava escuro demais, não tínhamos nem lanterna.  Eu vinha pela direita e o irmão Natal pela esquerda, nos conversando e correndo... De repente foi aquele barulhão! Uma senhora batida, vinha um bicicleteiro de Cumari em direção contrária a nossa, e não se viram, trombaram feio! O irmão Natal passou por baixo da cerca de arame e caiu dentro do Córrego!
__ Ai, ai!
__ O que foi isto?
__ Não sei, eu furei o beiço!
  No escuro não dava pra saber quem tinha machucado ou o que tinha acontecido... Então chegou um cavaleiro tio do que havia machucado o beiço, Sr. José Florentino ele era gago! E disse:
__ O que que que é isto ai? – continuou – o o oceis pri pri pricisa carregá uma luis!
  Acendeu um isqueiro e vimos o desastre, a bicicleta do rapaz havia quebrado ao meio, e ele estava com o beiço furado dava para ver os dentes.
__ Vamos voltar – disse eu – vamos à farmácia, o Tunico (farmacêutico) vai dar um jeito nisto.
  Ele não quis, assim levei a bicicleta dele para arrumar e ele foi embora com o tio.
  Outro dia vinha voltando da fazenda Dourados e no meio do caminho na Chácara da Cerâmica, do irmão Zequinha Florisbelo as vacas estavam deitadas no meio da estrada e eu não as vi e caí em cima delas os bois e vacas saíram correndo e eu fiquei rindo sozinho...
  O tempo passou e eu havia agora ganhado uma lanterna boa do irmão José Farias que tinha mudado para Cumari a fim de trabalhar no Batalhão Mauá, mas vinha economizando pilha já que era bem distante a fazenda da cidade.
  Andava Morro acima no Mamparra, quando senti um cheiro forte de mofo, rabuja e alguém havia me dito que onça fede ovo podre, gorado.  Acendi a lanterna que iluminou bem na onça que estava parada bem no meio da estrada de frente para mim, eu dei um grito que ecoou na mata, ela deu um pulo e correu pro meio da mata, e eu freei a bicicleta, parei e pensei em voltar, mas pensei não posso volta porque a Sônia vai incomodar, então fiz uma oração, voltei um pouco atrás, embalei a bicicleta, e subi.  Foi à única vez que eu subi o Mamparra montado.  Cheguei à casa a Silsa era criança, chorou de tanto rir, pois até meu bigode estava arrepiado, onde não tinha cabelo arrepiou também e fiquei assim por uns três dias.
  Depois disso o irmão Antero deu faróis para a minha bicicleta, os tais dínamos, que não iluminavam na subida, mas que já melhorou muito a minha caminhada.

A Xispa abençoada

  Anos depois o Pastor me presenteou com uma vespa, mas a coitada não agüentou a jornada e após um tombo acabei devolvendo e voltando para minha bicicleta suruana.
  O irmão Wilsom, que Deus continue  oabençoando, mudou-se de Araguari para Cumari e começou a andar comigo nas congregações e vendo minha dificuldade nas estradas disse:
__Irmão Pedro eu vou te dar uma Xispa, não tem condições do senhor viver essa vida desse jeito...
  Comprou e trouxe e me disse:
__É sua, comprei com o dinheiro do dízimo de uma grande empreitada...
__Então vamos por no nome da Igreja pois havia sido comprada com o dinheiro do Senhor e assim fizemos.
  A Xispa, é um tipo de moto antiga que parecia uma formiga cabeçuda, mas oh Xispa boa! Andei nela por oito anos!
 Depois de alguns anos eu estava só, voltando da Fazenda Dourados após um culto abençoado, a estrada estava limpa e boa.  Mas na estrada do Córrego do Sr. José Agapito, depois que eu passei, a prefeitura havia despejado dois caminhões de cascalho para arrumar a estrada e como a Xispa estava com o farol fraco, não vi os montes de cascalho e capotei a Xispa, tomei um tombo de matar, mas nada me aconteceu só a Xispa que empenou os dois amortecedores dianteiros, e cheguei em casa vermelho de terra.


Pastor Pedro Lourenço na Xispa doada pelo irmão Wilson

   Na Fazenda Gueiroba eu e o irmão Antonio Calaça na garupa, a xispa derrapou e batemos na porteira... Que belo tombo!
   Num dia chuvoso o Córrego do Sr. Jose Agapito encheu e eu não tive como atravessar, voltei até a fazenda do Sr. Manoel Caetano (irmã Eva)  e passei pela estrada do cemitério, caí num poço de enxurrada e molhei tudo, a xispa apagou e agora?
 Fiz uma oração peguei a lanterna enxuguei o platinado dei a partida,ela pegou e eu sai daquele lamaçal... cheguei em casa todo lameado...
   Muitas vezes eu simplesmente caía nos mata-burros e esfolava, não sei se ela caía comigo ou se eu caía de cima dela... Quando via estava no chão e joelho infeccionando. O Morro Mamparra é uma serra bem grande com mata nativa, e todos diziam que era assombrada! Um dia voltando do culto, uma noite chuvosa, e escura, vi um grande clarão no meio da estrada, pensei será que vou ver Deus no meio da sarça ardente ou vou ver o trem ruim? Encostei a xispa no barranco da estrada e entrei mato adentro o cabelo arrepiou todo, e fui chegando devagar cada vez mais perto, até que pude contemplar o assombração: Era uma grande teia de aranha que tinha molhado com a chuva e 27 vagalumes havia pregado nela, com o reflexo da luz dos vagalumes e gotinhas d’água, parecia uma grande labareda de fogo... Passei tanto medo à toa!
  Às vezes íamos de carrinho de cavalo emprestado do meu pai para arrecadar donativos para as obras assistenciais da igreja.





Eu e o irmão  que emprestou a carroça...

  De vez em quando fazíamos caravana no caminhão do Sr. Chicão e Antônio de Avelar levando toda congregação de Cumari para realizarmos cultos e batismos na fazenda Dourados.
 Nessas ocasiões o Pastor Eurípedes levava a banda e vários outros irmãos, e fazíamos o culto na serraria.

A ponte, o rio, os peixes
  Muitas vezes a ponte rodava nas enchentes fazíamos uma pinguela e atravessávamos o rio cheio para a igrejinha e também fazíamos culto na casa do irmão Valdemar. E muitas vezes íamos lá só por diversão pescar com os meninos da irmã Fátima e com minha família.


 Fazenda Dourados – à esquerda casa do irmão Valdemar e no fundo a sede


Ponte que muitas vezes rodou com a chuva

Poços cheios de peixes; mandis...

Caminho da água pelas pedras

Eu: Pedro Lourenço olhando o local onde e eu muitas vezes pesquei com os filhos do irmão Sebastião Izídio e logo após a irmã Fátima fritava para nós jantarmos...


Minha esposa Sônia e minha primeira neta Hadassa se divertindo!




sábado, 27 de agosto de 2011

Págs 151 a 153

Fazenda Dourados
   Logo que comecei a dirigir a igreja na Fazenda Dourados, a Congregação Nova Jerusalém estava passando por problemas, havia se dividido em três partes e os irmãos ficaram alguns com o  Pastor Jerônimo Paulino, outros com o  irmão João Vicente da Igreja de Deus e outros com o Pastor Antero. Aos poucos ganhei a confiança de todos esses irmãos que passaram a fazer parte de único ministério, o nosso, da Assembléia de Deus.

Na foto batismo do irmão Valdemar realizado pelo Pastor José Albano de Goiânia ainda no Ministério Nova Jerusalém que posteriormente uniu com o nosso ministério esse irmão ficou responsável pelos cultos na fazenda.

  Os cultos na Fazenda dos Dourados eram bons demais, verdadeiramente em espírito e em verdade... na simplicidade todos louvavam o Senhor com tudo o que tinham...O irmão Valdemar, o irmão Vardinho, muito me ajudaram... Chegamos a ser 67 irmãos em comunhão sem falar nos congregados.

Fazenda Dourados

                         Irmão Valdemar Paulino trabalhando com o carro de bois
Silsa e Jesana sentadas nas toras que eram serras na Fazenda Dourados

A serraria era movida pela força da água dessa bica, aí ela já tinha caído uma parte

Aí na serraria fazíamos cultos abençoados



   Fizemos uma igrejinha aproveitando uma tapera feita com tábua e telha comum, o chão de terra batido, bancos de madeira fincados no chão.  A noite todos os irmãos das fazendas próximas vinham para o culto, de cavalo, carroça, a pé pelos atalhos, trazendo seus cachorros, lampiões e muita comida para o final do culto.  Eu sempre levava para casa: mané - pelado, biscoitos, pamonha, frango, carnes, frutas... que os irmãos doavam para minha família.  Também levava o dízimo dos irmãos em espécie que entregavam a Jesus em: sabão de bola, frangos, arroz... Produtos colhidos por eles, e eram entregues na casa do tesoureiro da igreja onde eram vendidos para os irmãos da igreja.


Os batismos







 
  Realizamos batismos nas águas muito abençoados, e o senhor batizava com fogo.  Numa certa feita converteu um casal que eram o Sr Lourival Raimundo (Valinho) e sua esposa Divina, um dia me disseram:
__ Pastor eu vou casar segunda-feira e quero um culto na minha casa.
   Já na fazenda Dourados, convidei o Sr. Arnaldo Borges dono da propriedade:
__ Vamos ao culto?
__Vamos – disse-me ele –Eu vou levar dois bois agora lá no Retiro e passo culto na volta.
   O culto foi abençoado, depois do culto um jacá de mané-pelado e chá de canela a vontade nos esperava.  Lanchamos e saímos eu e o irmão Valdemar e a família dele, começamos a conversar e eu disse:
___Uai, seu Arnaldo não veio!
  Sr, Arnaldo então saiu do meio das moitas e disse:
__ Vim sim, eu estava dentro do paiol, e vou te contar o que foi que você falou – repetiu minha pregação -  é por isso que esse povo daqui mudou, não tem briga... Você ensina o certo!
   Glória a Deus por isso! Ganhamos à amizade e o respeito do dono da fazenda.
    Era mês de janeiro a chuva foi embora e a lavoura dos irmãos começou a murchar o arroz estava pondo cachos o milho ainda saindo da espiga, o feijão das águas em flor... Que tristeza ia perder toda safra... Quando cheguei aos Dourados o irmão Valdemar Paulino me disse que O Sr. Ricardo filho do Sr. Arnaldo Borges disse que era para eu orar com a igreja para chover. Assim fizemos o culto e oramos e após o culto oramos de mãos dadas e pedimos a Deus para mandar chuva... O céu estava todo estrelado... Saí empurrando a bicicleta morro acima quando estava a uns três quilômetros no Mamparra começou a relampejar, e logo veio toda a chuva, cheguei em casa bem molhado, mas feliz pois Deus havia atendido a nossa oração.