Viajando
No fim do ano o missionário Haroldo resolveu a passar uma quinzena em Goiânia e assim eu fiquei em Cumari, agora do lado da minha querida Sônia.
Antes de viajarmos novamente fizemos ali em Cumari uma Campanha e Deus operou poderosamente.
__ Agora - disse ele – será difícil para Pedro ir embora, deixando sua noiva...
Mas fomos.
Antes, porém fomos visitar o Prefeito Senhor Augusto de Paiva (Pastor desviado na época) que era muito amado pelo missionário, ele que havia quebrada a perna, mas mesmo assim estava no rancho na construção da Ponte Ribeirão Pirapitinga, para baixo do Capoeirão, lá o missionário orou por ele, e anos depois ele voltou pra Jesus.
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Prefeito de Cumari Go – Augusto de Paiva e missionário Haroldo Bradfield |
O filho do Rei
Em Uberlândia armamos à tenda e ali aconteceu um milagre. Enquanto ele pregava, eu orava, nós tínhamos um quarto na tenda onde eu dormia e era usado também para orar.
Na noite anterior quando eu fui orar, Deus me deu uma inspiração para eu escrever um hino e eu escrevi.
Quando o Missionário foi fazer o apelo, eu saí do quarto para anotar o nome dos convertidos e o Missionário me disse:
__Pedro canta o hino: Filho do Rei!
__Pedro canta o hino: Filho do Rei!
Cantei na hora, sabendo que o hino já estava aprovado pois Deus já revelara a ele até o nome do hino!
Este hino fez um sucesso muito grande na época e quando chegamos a Vitória no Espírito Santo onde fundamos a Igreja de Deus no Brasil, os irmãos nos colocaram uma faixa, na faixa do Missionário Haroldo estava escrito: Bom Pastor e na minha: Filho do Rei, a partir daí fiquei sendo conhecido como sendo: O Filho do Rei.
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Nas faixas estavam escrito: Bom Pastor e Filho do Rei. Vitória ES A sopa |
Em Uberlândia os irmãos eram muito hospitaleiros, dirigidos pelo Pastor João Marques, cada um nos oferecia almoço, janta, lanches...
Numa tarde chegou um velhinho com uma criança e me perguntou:
__Vocês já onde vão jantar?
__ Não – respondi
__ O que vocês gostam de comer?
__Sopa
__ Então hoje eu vou trazer a sopa pra vocês...
Haroldo viu a gente conversando e quis saber o que era, eu contei que ele iria levar a sopa para nós, Haroldo ficou descontente e disse:
__Ah será que sabe fazer comida?
A tarde após o culto das crianças lá pelas 17:00h chega o velhinho com uma lata de cinco litros dentro de um saco de pano amarrado pela boca e uma garrafa de café com dois pratos, colheres e copos em outra sacola.e pôs em cima da mês. Haroldo ficou olhando receoso e disse:
__ Temos que provar, como vai fazer, será que presta?
Provamos, a sopa estava quente e deliciosa, ele comeu três pratos e suou, após comermos ainda sobrou um pouco e o senhor perguntou se podia levar de volta a lata o missionário rapidamente respondeu:
__Não, deixa depois do culto quenta e come o resto.
Não sabia Haroldo que o velhinho trabalhou em um hotel em Uberlândia até que se aposentou como mestre de cozinha.
Quantos milagres, salvação, prodígios e maravilhas aconteceram, quanta coisa eu vi meu Deus fazer...
Haroldo orava seis horas por dia e eu junto! Jejuávamos duas vezes por semana, e quando jejuávamos ficávamos de joelho o tempo todo do jejum, mas ninguém ouvia as nossas vozes, era tudo em silêncio. Se ficássemos hospedados na casa de algum irmão, nosso quarto era fechado e ninguém ouvia o nosso barulho.
O Nosso Brasil é muito grande, conheço bem a nossa pátria, conheço um pouco das capitais, só não conheci até hoje outro homem como Haroldo Bradfiel, existem vasos por todo cantos do mundo, mas como Haroldo não.
No início quando fui trabalhar com ele, fiquei com medo de ficar doido, cheguei a tomar dois vidros de Neofosfato para me ajudar na luta. Ele era bravo, direto, positivo, falava o que pensava, alguns o achavam sem educação, ele exigia muito de mim, e tinha medo de mim também, afinal eu era um estranho, recém convertido, curado de epilepsia.
Tínhamos dois microfones dinâmicos grandes que eram presos no nó da gravata e na tenda muitas vezes diante de tanta gente ele falava:
__ Irmão Pedro está cantando triste, é bobo vindo da roça, fica ativo meu irmão...
Outras vezes dizia:
__ Irmão Pedro bobo, vem lá da roça, está com saudade do sertão, fica alegre meu filho!
Eu ficava muito envergonhado, sempre havia cerca de 500 a mil pessoas ouvindo a palavra... Mas fiz um voto a Deus que jamais responder ele mal, a nenhum pastor com que eu trabalhasse e assim consegui vencer.
No final de seis meses, ele já havia me entregado tudo o que era seu: o acordeom que ninguém podia pegar o som da tenda, o seu dinheiro e a sua mala de roupas, engraxava seus sapatos, polia a rural, fazia barraca, desmanchava barraca... Passei a ser de confiança! E ele sempre dizia aos outros irmãos:
__ Glória a Deus, fiquei conhecendo irmão Pedro e Deus me deu ele para ser companheiro de viajem...