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domingo, 31 de julho de 2011

Págs 65,66 e 67


Viajando
  No fim do ano o missionário Haroldo resolveu a passar uma quinzena em Goiânia e assim eu fiquei em Cumari, agora do lado da minha querida Sônia.
  Antes de viajarmos novamente fizemos ali em Cumari uma Campanha e Deus operou poderosamente.
__ Agora - disse ele – será difícil para Pedro ir embora, deixando sua noiva...
  Mas fomos.
  Antes, porém fomos visitar o Prefeito Senhor Augusto de Paiva (Pastor desviado na época) que era muito amado pelo missionário, ele que havia quebrada a perna, mas mesmo assim estava no rancho na construção da Ponte Ribeirão Pirapitinga, para baixo do Capoeirão, lá o missionário orou por ele, e anos depois ele voltou pra Jesus.


Prefeito de Cumari Go – Augusto de Paiva e missionário Haroldo Bradfield


Verso da foto e a Oração do missionário em favor do seu amigo.
O filho do Rei

  Em Uberlândia armamos à tenda e ali aconteceu um milagre.  Enquanto ele pregava, eu orava, nós tínhamos um quarto na tenda onde eu dormia e era usado também para orar.
  Na noite anterior quando eu fui orar, Deus me deu uma inspiração para eu escrever um hino e eu escrevi.
  Quando o Missionário foi fazer o apelo, eu saí do quarto para anotar o nome dos convertidos e o Missionário me disse:
 __Pedro canta o hino: Filho do Rei!
  Cantei na hora, sabendo que o hino já estava aprovado pois Deus já revelara a ele até o nome do hino!





   Este hino fez um sucesso muito grande na época e quando chegamos a Vitória no Espírito Santo onde fundamos a Igreja de Deus no Brasil, os irmãos nos colocaram uma faixa, na faixa do Missionário Haroldo estava escrito: Bom Pastor e na minha: Filho do Rei, a partir daí fiquei sendo conhecido como sendo: O Filho do Rei.

Nas faixas estavam escrito: Bom Pastor e Filho do Rei. Vitória ES


A sopa

  Em Uberlândia os irmãos eram muito hospitaleiros, dirigidos pelo Pastor João Marques, cada um nos oferecia almoço, janta, lanches...
   Numa tarde chegou um velhinho com uma criança e me perguntou:
__Vocês já onde vão jantar?
__ Não – respondi
__ O que vocês gostam de comer?
__Sopa
__ Então hoje eu vou trazer a sopa pra vocês...
   Haroldo viu a gente conversando e quis saber o que era, eu contei que ele iria levar a sopa para nós, Haroldo ficou descontente e disse:
__Ah será que sabe fazer comida?
   A tarde após o culto das crianças lá pelas 17:00h chega o velhinho com uma lata de cinco litros dentro de um saco de pano amarrado pela boca e uma garrafa de café com dois pratos, colheres e copos em outra sacola.e pôs em cima da mês.  Haroldo ficou olhando receoso e disse:
__ Temos que provar, como vai fazer, será que presta?
   Provamos, a sopa estava quente e deliciosa, ele comeu três pratos e suou, após comermos ainda sobrou um pouco e o senhor perguntou se podia levar de volta a lata o missionário rapidamente respondeu:
__Não, deixa depois do culto quenta e come o resto.
  Não sabia Haroldo que o velhinho trabalhou em um hotel em Uberlândia até que se aposentou como mestre de cozinha.
  Quantos milagres, salvação, prodígios e maravilhas aconteceram, quanta coisa eu vi meu Deus fazer...
  Haroldo orava seis horas por dia e eu junto! Jejuávamos duas vezes por semana, e quando jejuávamos ficávamos de joelho o tempo todo do jejum, mas ninguém ouvia as nossas vozes, era tudo em silêncio.  Se ficássemos hospedados na casa de algum irmão, nosso quarto era fechado e ninguém ouvia o nosso barulho.
  O Nosso Brasil é muito grande, conheço bem a nossa pátria, conheço um pouco das capitais, só não conheci até hoje outro homem como Haroldo Bradfiel, existem vasos por todo cantos do mundo, mas como Haroldo não.
  No início quando fui trabalhar com ele, fiquei com medo de ficar doido, cheguei a tomar dois vidros de Neofosfato para me ajudar na luta.  Ele era bravo, direto, positivo, falava o que pensava, alguns o achavam sem educação, ele exigia muito de mim, e tinha medo de mim também, afinal eu era um estranho, recém convertido, curado de epilepsia.
  Tínhamos dois microfones dinâmicos grandes que eram presos no nó da gravata e na tenda muitas vezes diante de tanta gente ele falava:
__ Irmão Pedro está cantando triste, é bobo vindo da roça, fica ativo meu irmão...
Outras vezes dizia:
__ Irmão Pedro bobo, vem lá da roça, está com saudade do sertão, fica alegre meu filho!
 Eu ficava muito envergonhado, sempre havia cerca de 500 a mil pessoas ouvindo a palavra... Mas fiz um voto a Deus que jamais responder ele mal, a nenhum pastor com que eu trabalhasse e assim consegui vencer.
  No final de seis meses, ele já havia me entregado tudo o que era seu: o acordeom que ninguém podia pegar o som da tenda, o seu dinheiro e a sua mala de roupas, engraxava seus sapatos, polia a rural, fazia barraca, desmanchava barraca... Passei a ser de confiança! E ele sempre dizia aos outros irmãos:
__ Glória a Deus, fiquei conhecendo irmão Pedro e Deus me deu ele para ser companheiro de viajem...

sábado, 30 de julho de 2011

Págs 60, 61, 62, 63 e 64


  A Convenção da Igrejas de Deus em Goiandira
  De posse das apostilas, comecei então a estudar para o curso, meus irmãos diziam que eu estava estudando para virar São Pedro...
  Prestei o Curso na Convenção em Goiandira, fiz todas as provas e eu tinha que fazer no mínimo 67 pontos havia decidido assim, e eu fiz 83, mas ainda tinha uma entrevista... Então o Supervisor Jack Pop fez uma reunião e fez-me várias perguntas:
__ Irmão Pedro, você é solteiro?
__ Sim – disse eu.
__ tem filhos particulares?
__ Não Senhor.
__ Tem amante ou enrolada?
__ Não senhor.
 __Sente a chamada para a obra de Deus?
__ Não sei – respondi.
__ Por quê? – perguntou-me ele.
__ Porque eu sou muito novo na fé, e se eu disser que sinto o chamado estarei mentindo, pois eu nem sei o que quer dizer chamada!
  Então ele disse:
___ Então Haroldo ele não pode ir!
  Haroldo se levantou e disse:
__ Eu vou levar ele comigo porque Deus me mostrou ele em sonho como prova.
  Então o Pastor Jack fez-me uma pergunta:
__ Pedro se você for, vai baseado em que?
__ Baseado na fé do Haroldo – disse eu.
  Então recebi a Consagração de Pastor Exortador no ato da reunião.

Convenção das Igrejas de Deus em Goiandira Goiás – da esquerda para direita: Pastor João Marcelino, Harold Bradfiel com a criança no colo e eu de terno preto do lado do ônibus.
  Nesta época eu já havia recebido o Batismo no Espírito Santo, e escutado alguns hinos que me foram muito útil, como inspiração, e minha primeira composição foi no dia 11 de novembro de 1967, com o título: “O Senhor é o meu Pastor.”
  Na tarde daquele dia, os jovens da igreja foram me visitar, e ouvindo-me cantar disseram:
 __ Você está cantando música do mundo? 
__ Não – respondi – isto é um hino que eu fiz.
  À noite na igreja contaram para a Pastora Orsila e ela me mandou cantar, e eu cantei, com muita vergonha e a igreja gostou e glorificou a Deus.  Daquele dia em diante não parei mais de compor, já tenho 309 hinos de minha autoria, para honra e glória do Senhor Jesus.

  Caminhando para a seara

  Chegou o dia de ir para a obra Missionária, dia 28 de fevereiro de 1968, o Missionário Haroldo me esperava em Belo Horizonte, era Carnaval.  Sônia a moça da Anhanguera a quem eu já estava meio namorando disse:
__ Você vai mesmo?
__ Vou _ disse eu.
__ Mas e o nosso casamento? – perguntou-me ela.
 __ Eu vou enquanto você completa a sua idade, eu volto e a gente casa...
 Concordamos assim... De ela me esperar...
  Eu não tinha sequer o dinheiro da passagem, o irmão Antônio de Avelar foi quem me emprestou: cinqüenta cruzeiros para eu pagar não sem quando, sem juros.  
  Arrumei a mala e o violão e fui para Goiandira, dormi na casa do Pastor Gaspar e na manhã seguinte fomos para a Rádio Educadora, cantei, preguei e chorei, despedindo de todos que me ouviam. Braz e eu cantávamos para o mundo, nos bailes, nos bares... Mas agora eu cantava para Jesus, empregando o pouco que eu aprendera a tocar. 
  Embarquei no trem para Belo Horizonte- MG chuva que Deus dava, o trem era misto: passageiro e carga, vagões e carros com poltronas, restaurante,  etc. e tal. Assim gastei três dias e duas noites para chegar a Belo Horizonte.
  Em Formiga, Minas Gerais, quase voltei, adoeci, mas Deus me ajudou que eu cheguei ali.
  No primeiro dia do Carnaval dia 28 de fevereiro tornei-me um Missionário ao lado do Missionário Harold Bradfiel.

Harold Bradfield e Pedro Lourenço – Santa Luzia - MG

       Chegando a Belo Horizonte peguei um táxi e ao invés de ir para o bairro Abadia, fui parar no bairro Aparecida, lá não reconheci como ele havia explicado e nem havia igreja de Deus, o taxista com pena, perguntou-me se eu não tinha o endereço na mala.  Abri a mal e encontrei o endereço ele disse que estávamos muito longe que era do outro lado da cidade.  Paguei-o a rota e contei o dinheiro se dava para ele me levar ao bairro abadia não dava, mas ele me levou até a igreja.  Reconhecemos a igreja e encontramos a moradia do diácono Haroldo.
  Nem bem cheguei a Belo Horizonte, Haroldo já tinha ido para Santa Luzia, tive que ficar na casa de um diácono da igreja também chamado Haroldo, e no outro dia fomos também para Santa Luzia, encontrar o missionário.
  Haroldo estava na casa de um casal idoso, eram portugueses e fabricavam caixões.

Irmãos: Antônio Marques e Raimunda Marques hospedavam o missionário

 
Verso da foto: dedicatória

 Quando bati na porta uma senhora veio, recebeu-me bem e perguntou:
__ Você é o companheiro do irmão Haroldo?
__ Sim – respondi
  Então ela me disse que ele estava orando, mas que era para chamá-lo quando eu chegasse.  E assim fizemos.  Ela bateu na porta do quarto, ele abriu só a conta de eu passar e disse:
__ Fecha! Vamos orar.
  Oramos.  Depois da oração ele me abraçou e chorou, disse:
 __ Você ficou doente na estrada, queria voltar, Deus me revelou, mas eu orei pra Ele te trazer e agora vamos trabalhar para Jesus.   E perguntou-me:
__ O que aconteceu em Cumari na igreja?
__ Há houve conversão, batismo com o Espírito Santo... Disse eu
__Não precisa envergonhar - disse ele – fale a verdade, Deus já me contou...
__Ah Haroldo está certo! é que eu tinha arrumado uma namorada e houve uma profecia, que dizia que a Sônia seria um laço na minha vida, uma senhora havia entregado a profecia, ela não era de Cumari apenas a pastora a conhecia, mas que estávamos mais ou menos terminados...
__ É isto mesmo – disse ele – é falta de experiência da Pastora Orzila, uma profecia só serve para: consolação, exortação, admoestação e não para casamento... E depois, pois se dois concordar a respeito de qualquer coisa na terra será concordado no céu.
  Tomou então o papel e escreveu uma carta para a Pastora e disse:
__ Se quer escreve também para a moça.
  E eu escrevi, pus a carta no mesmo envelope da dele e veio parar na mão da Pastora, assim eu e a Sônia voltamos a namorar oficialmente e nos correspondíamos de vez em quando, assim passou o ano.



Sônia – foto enviada a mim quando eu estava em campanha






sexta-feira, 29 de julho de 2011

Págs 53 a 59

Vida de missionário

   Fiquei encantado com a maneira do missionário trabalhar, o pessoal do IBIDE haviam pintado versículos em faixas que ele adornava a tenda, haviam também datilografado corinhos e hinos que a Igreja de Deus cantava, para as pessoas que não tinham hinário cantar.
  Vejam são  páginas originais da época:









  Só viajávamos á noite para chegar montar a barraca e fazer culto ainda naquele dia. Às vezes éramos convidados pelo pastor da cidade para fazer a campanha e muitas vezes não éramos recebidos, mesmo sendo do Ministério da Igreja de Deus devido o missionário ter sido “emprestado” pela Igreja do Calvário Pentecostal então íamos embora para outra cidade.  Terminado o último culto desmontávamos a barraca e seguíamos viajem para outra cidade.
  Na parte da manhã das 06:00h ao meio dia orávamos secretamente, estudávamos a Bíblia, aprendíamos juntos, eu aprendia sobre a palavra de Deus e ele um pouco do meu português ruím, que ele anotava as palavras referentes em inglês... ´
  Vejam as anotações do Missionário:




  Depois do estudo diário, almoçávamos e íamos fazer visitar nos lares, orar pelas pessoas doentes, oprimidas e as 15: 00 h fazia o culto das crianças...
  Em Vitória chegou a juntar 578 crianças num só culto. No culto ele cantava corinhos e tocava acordeão e eu violão os corinhos preferidos dele era: “A porta é uma só”, “No expresso viajamos” (ele fazia barulho do trem no acordeão), “É a vida”, “Cristo no meu coração”, “Jesus já vem, acordai-vos despertai-vos”...
  Dava um pequeno ensino da palavra de Deus, falava de Jesus e logo após tomava a lição: Os meninos que conseguissem decorar os versículos ganhavam um prêmio (figurinha, cartãozinho bíblico).
  Para nossa surpresa de entre as 578 Crianças em Vitória que decorou primeiro foi uma criança de quatro anos que nem sabia ler.
  Os versículos eram faixas pintadas com as passagens bíblicas: João 14:6, João 3:16, Mateus 28:20, Apocalipse 2:10, 2 Crônicas 16:9, Hebreus 9:14, 1 João 5:18, Gálatas 6:7, 1 João 5:12, Apocalipse 21:7, I Coríntios 10:13, Mateus 9:37. e onde quer que chegávamos pregávamos na tenda, na igreja, onde quer que fossemos pregávamos as faixas.  Logo eu fiquei sendo o responsável pelo cultinho das crianças...
 No culto à noite o missionário dava início ao culto e cantavámos hinos do hinário e os corinhos logo em seguida ele dava oportunidade para os cristãos independente do ministério, testificarem e cantarem, mas na maioria das vezes apenas eu cantava, os meus 15 hinos da época... Principalmente o Filho do Rei.
           Pastor Pedro Lourenço cantando sua Composição: "Filho do Rei"


Págs 51 a 53

 
O ensinamento sobre o dízimo
Antes do Batismo a Pastora me falou a respeito do dízimo, e eu então disse a ela:
__ Então eu não vou batizar...
  Ela ficou muito triste e disse:
__ Antes eu não tivesse te falado.
__ A Senhora fez o certo – disse eu a ela – a Senhora não me deixou enganado, eu não vou batizar agora, mas vou permanecer na igreja.  Eu achava um absurdo "pagar" dízimo, tinha lá minhas desconfianças e dificuldades.
  Chegou o dia do batismo, o Pastor Distrital João Marcelino chegou e perguntou a Pastora Orsila:
__ E o povo está firme para o batismo?
__ Sim – disse ela - menos aquele que eu mais queria... Pedro não vai batizar...
 __Por quê? Perguntou o Pastor.
__ Porque eu falei a ele sobre o dízimo – respondeu ela.
__ Ele se escandalizou com o dízimo? – perguntou o pastor.
__ Não – respondeu ela – ele disse que não vai batizar porque perdeu tudo o que tinha e não tem como pagar o dízimo...
  No culto de sábado, véspera do batismo o pastor me procurou e marcou comigo um encontro no outro dia para as 08:00 h.  Cheguei na casa da pastora exatamente na hora marcada.  Ele pegou duas cadeiras e levou para o fundo do quintal, debaixo de um pé de goiaba e falou assim:
__ O irmão está pronto para batizar?
__ Não – respondi.
__ Por que não? – perguntou-me.
__ Por causa do tal de dizimo – disse eu – eu perdi tudo que tinha agora como vou pagar o dízimo?
__ Você vai se batizar, e se Deus te der alguma coisa você paga o Dízimo? – perguntou ele.
__ Sim – respondi.
__Se Deus não te der nada, também você não paga nada... Disse-me ele.
    Então concordei com ele.
Meu batismo e suas surpresas
  Na tarde de domingo naquele mesmo dia, dia 27 de novembro de 1967, as 15:00 horas no poço da Fábrica, no Córrego Samambaia, chegou toda a igreja.  Os candidatos à direita do Córrego e a igreja com as visitas à esquerda.
  Quando já vestido com a roupa do batismo (robe) vi chegar alguém tão linda com uma velha, uma adolescente com um vestido estampado de pelo de onça, junto com sua vovó Maria Amélia Pimenta... Eu a olhei e pensei comigo mesmo:
__ Se esta menina for de Anhanguera eu vou lá ver ela. 
   Eu não sabia que Deus já havia enviado ela para ser a minha esposa.
Sônia – minha amada
    
O Pastor João Marcelino foi quem fez o meu batismo, quando ele me submergiu minha roupa não se molhou, era como se estivesse cheia de óleo, então ele me perguntou:
__ E agora?
__ Batiza de novo – disse eu.
  E assim ele vez me mergulhou novamente e então eu me molhei todo e o velho homem ficou sepultado.

  Após o batismo na casa da Pastora Orsila: da esquerda para direita: Lurdes, Pastora Orsila ,  Sebastião Coelho, João Vicente , Valter e eu o primeiro a direita

 Primeira Campanha com o Missionário
   A Pastora Orsila estava abrindo um trabalho em Nova Aurora, e o Missionário veio a Cumari e fomos juntos fazer uma campanha de uma semana na região.  Essa foi a minha primeira experiência com o missionário. Ficamos hospedados na casa do Senhor João Abrão, crente da Igreja Presbiteriana.
  Fizemos a tenda com o pano do meu pai colher arroz, alugamos tábua fizemos bancos... E Deus abençoou ricamente.

    À direita Pedro Lourenço e a esquerda Valter – campanha em Nova Aurora GO
 

Págs 47 a 50


Virando um gigante

   Três dias após ter-me convertido a Jesus Cristo, fui até a casa da pastora Orsila fazer uma visita, ela recebeu-me muito bem... e logo perguntou-me:
__ O irmão agora não toma mais os remédios controlados, toma?
__Tomo - respondi – tenho medo de desmaiar...
__ Você vai tomar somente até a sua fé aumentar – comentou ela – depois não vai tomar mais...
   Tomei aquilo como um abuso, um desafio, para mim ela havia dito:
__ Sua fé é muito pequena...
  Eu não disse nada a ela, mas chegando em casa, peguei os vidros de remédio na época com 200 drágeas cada um, e despejei tudo em um envelope, os quatro vidros, e fui até o Córrego que da cidade o “Samambaia” e disse:
__ Em nome de Jesus, não tomo nunca mais, saí sem nem olhar para trás e desde esse dia, eu nunca mais tive convulsões, nem desmaiei e nem tomei drogas anticonvulsivas...
  Há mais de 43 anos.  A obra do Senhor foi perfeita na minha vida:  Adeus epilepsia! Fui lavado e remido no sangue de Jesus.
  Faziam mais de quatro anos que eu não trabalhava, mas com três dias de crente, levantei cedo preparei a enxada e disse a minha mãe:
__Vou para o mandiocal do pai, fale para ele levar o almoço para mim.
__ Espera você ficar mais forte! Disse ela
__ Não – respondi – já estou bom.
  A pastora Orsila havia me ensinado que todas as vezes que eu sentisse algum mal dizer :
__ "O Sangue de Jesus tem poder sobre mim"...
  E lá fui eu , com a cabaça de água, a enxada e Jesus no coração.  Peguei na capina cedo e meu pai foi vender lenha na carroça de cavalo.    Quando ele foi almoçar a minha mãe disse para ele levar almoço para mim, ele nem comeu, disse:
__ Põe o meu almoço junto com o dele no caldeirão que nos vamos almoçar juntos se ele já não morreu.
 Saiu correndo.  Chegou à roça e gritou:
__ Ou!
__Ou – respondi
Ele pegou o almoço e foi ter comigo dizendo:
__ Oh rapaz, você me quase me mata de susto! Já capinou tanto! Que isso meu filho?
  Eu disse: __ Ah pai agora eu sou crente, Jesus me curou, o sangue de Jesus tem poder sobre mim...
  Ele calmamente disse:
 ___ Oh meu filho, não se esforce muito, pare mais cedo...
  Graças a Deus fui curado da epilepsia, liberto dos vícios, outro Pedro eu virei, tive diversos apelido: Didinho, Dico Gregório, Teda, Pedro Garrucha, Minhocão, Pedro Barulho, Pedro Viola, Pedro do Urias, Sócio, mas agora nascia: O Filho do Rei.

igreja de Deus de Cumari reunida - Na porta da direita para esquerda: eu, irmão João Vicente e tantos outros que nem lembro mais quem são, estão todos adultos...

  A partir do dia da minha conversão não perdi mais nenhum culto, para a turma não ver a minha Bíblia, eu a escondia debaixo do paletó.  Os irmãos descobriram que eu tocava violão, e arrumaram um violão emprestado com Amador Jorge, e eu passei a tocar na igreja. O meu violão eu havia vendido para  comprar bebidas...
 O Amauri Lourenço meu primo, perguntou – me:
 __ Você vai ser mesmo crente?
__ Não – respondi – eu vou ficar lá só até eles crescer, aumentar um pouco, vou batizar, ajudar eles até que eles cresçam depois eu vou deixar, e vou matar um para ficar famoso...
  Mas Deus sabia das minhas intenções e tinha outros planos para mim...  Com quinze dias de convertido o Missionário Haroldo voltou a Cumari, para ver o que havia acontecido comigo.  Eu estava fazendo uma casa de despejo para o Sr José Florisbelo ( conhecido Nego Belo), quando olhei, vi o Missionário Haroldo com a Pra Orsila no portão da casa onde eu estava, fiquei irritado, pensei:
 __ Que velho enjoado! 
  Ele chegou me abraçou e chorou, e eu todo sujo de terra, e ele me abraçando!
__ Como você está Pedro? – Perguntou-me.
__ Tudo bem – disse eu – já sarei, já estou trabalhando, estou tocando violão na igreja...
__ Vim te fazer um convite! Pode falar? - disse ele.
__ Pode sim... Disse eu
__ Você é solteiro? Tem filho particular? É amigado com alguma mulher? Já matou alguém?  - Encheu-me de perguntas e eu só respondia com:
___ Não Senhor.  Eu toda vida fui trabalhador...
__ Ele disse muito bem! Eu Haroldo vou te mandar uns formulários, você vai preencher e estudar quando na Convenção em Goiandira, presta curso, se passar vai comigo fazer Campanha por este Brasil afora, tudo bem?
__ Sim irmão – respondi.
__ Mas não vai ganhar dinheiro não, é pela fé – disse ele.
__ Vou – disse eu
__ Vai mesmo? - insistiu ele
__ Vou – tornei a responder
__ Pode contar contigo? – insistiu mais uma vez.
__Pode! Respondi.
  Aí Haroldo me disse:
__ Eu estava orando para Deus me dar um companheiro e Ele me mostrou você.
__ Nós vamos – disse eu.
__ Tratado? Perguntou ele.
__ Tratado – disse eu.
  Seu trabalho aqui consistia cumprir o ide de Jesus por todo território brasileiro, pregar o evangelho, a salvação em Jesus, orar pelos enfermos, promover libertação aos mais necessitados.  Armava tendas de lona, fazia culto, ensinava as crianças, rodava filmes, slides, avivava as igrejas e fundava onde não havia.
  Fui trabalhar na fazenda do Sr. Odair Florisbelo e na fazenda dele tinha um violão muito bom então eu comprei dele por 30 cruzeiros e tenho-o até hoje, ele viajou comigo Brasil afora, tocou nas igrejas que eu pastoreei e agora me ajuda nas minhas composições.
  Ele me enviou os formulários, e eu fui estudando, logo a Pastora Orsila preparou o Dia do Batismo, o meu batismo, dia 27 de novembro de 1967.

Pastora Orsila Machado Pires -  Igreja de Deus no Brasil em Cumari Go