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quarta-feira, 27 de julho de 2011

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Tirando Mel
    Meu pai gostava muito de tirar mel de abelhas silvestres, e um dia descobrimos na Matinha entre duas grandes pedras uma grande colméia de abelha Europa, de fora dava para ver os favos branquinhos derramando mel. 

Abelha europa (Apis mellifera)


   E lá fui eu, o Braz, meu pai e o Sr. Antônio Adão, mineiro famoso por não ter medo de abelhas.  Mas a situação não era fácil, era preciso entrar de cabeça para baixo.  Fizemos muita fumaça e logo o Sr. Antônio disse:
__ Chega, já vou!
    Ele então começou a descer e veio uma abelha e ferrou o braço dele, ele calmamente esmagou a abelha e disse:
__Tá fazendo cosquinha (coceguinha) bichinha!
    Sabe-se que jamais deve esmagar uma abelha, pois ela emite um cheiro que chama os soldados e o enxame inteiro, mas na época não sabíamos disso e nem ele...  O fato é que logo veio outra abelha e ferroou o bigode dele ele disse:
__fe viri, viri – Cuspiu, assoprando e também a esfregou contra o bigode.
  E aí todo o enxame veio e ele disse:
__ Quem agüenta! Essa é africana!


Abelha africana (Apis mellifera scutellata)


    Saímos todos correndo e até hoje não sei o que foi feito daquele mel...


O Pagode
  Minha mãe fez um voto ao Divino Pai Eterno que se as coisas melhorassem no Sítio, aumentasse a produção das lavouras, eles fariam uma festa em agradecimento, e também faria a mesa dos inocentes.  E Deus abençoou e deu tudo certo, no dia da festa fizemos a torda, vinte latas de doce, matamos vaca, capado, frangos... O povo chegou, nove dias de novena e festa, o leilão animado... Tudo corria muito bem.    No ultimo dia da Festa o curral não coube, tantos cavaleiros amarraram os cavalos de fora...  a tarde chegou o Nego Pifaino peão do Sr. Trajano e disse para o João Pedroso que ia passar o burro dentro da torda.  Meu pai disse:
__Fala pra ele não fazer isso, porque se ele fizer isso vai ser a última graça que ele vai fazer na vida!
  O Nego deu um jeito e pôs o burro dentro do curral, então o Antônio Adão, agregado do vôvô foi lá fechou a porteira e disse:
__ Antes que o mal cresça vamos cortar a cabeça!
  De posse de uma peixeira e uma vara de catiguá seguiu rumo ao Negro aí meu pai o cercou e disse:
__ Compadre, você está acostumado a fazer isso?
__Ah compadre como diz o ditado a gente aprende a fazer isso é na hora! Vou dar uma paulada nele e depois acabo com ele na faca – respondeu ele.
  E ajuntou muita gente e abriram a porteira e ele passou com seu burro a galope e acabou a braveza dele e cresceu a braveza do Antônio Adão e também acabou a festa.


Catiguá, quebra-machado(Trichilia clausseni)






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