Tirando Mel
Meu pai gostava muito de tirar mel de abelhas silvestres, e um dia descobrimos na Matinha entre duas grandes pedras uma grande colméia de abelha Europa, de fora dava para ver os favos branquinhos derramando mel.
Abelha europa (Apis mellifera) |
E lá fui eu, o Braz, meu pai e o Sr. Antônio Adão, mineiro famoso por não ter medo de abelhas. Mas a situação não era fácil, era preciso entrar de cabeça para baixo. Fizemos muita fumaça e logo o Sr. Antônio disse:
__ Chega, já vou!
Ele então começou a descer e veio uma abelha e ferrou o braço dele, ele calmamente esmagou a abelha e disse:
__Tá fazendo cosquinha (coceguinha) bichinha!
Sabe-se que jamais deve esmagar uma abelha, pois ela emite um cheiro que chama os soldados e o enxame inteiro, mas na época não sabíamos disso e nem ele... O fato é que logo veio outra abelha e ferroou o bigode dele ele disse:
__fe viri, viri – Cuspiu, assoprando e também a esfregou contra o bigode.
E aí todo o enxame veio e ele disse:
__ Quem agüenta! Essa é africana!
Abelha africana (Apis mellifera scutellata) |
O Pagode
Minha mãe fez um voto ao Divino Pai Eterno que se as coisas melhorassem no Sítio, aumentasse a produção das lavouras, eles fariam uma festa em agradecimento, e também faria a mesa dos inocentes. E Deus abençoou e deu tudo certo, no dia da festa fizemos a torda, vinte latas de doce, matamos vaca, capado, frangos... O povo chegou, nove dias de novena e festa, o leilão animado... Tudo corria muito bem. No ultimo dia da Festa o curral não coube, tantos cavaleiros amarraram os cavalos de fora... a tarde chegou o Nego Pifaino peão do Sr. Trajano e disse para o João Pedroso que ia passar o burro dentro da torda. Meu pai disse:
__Fala pra ele não fazer isso, porque se ele fizer isso vai ser a última graça que ele vai fazer na vida!
O Nego deu um jeito e pôs o burro dentro do curral, então o Antônio Adão, agregado do vôvô foi lá fechou a porteira e disse:
__ Antes que o mal cresça vamos cortar a cabeça!
De posse de uma peixeira e uma vara de catiguá seguiu rumo ao Negro aí meu pai o cercou e disse:
__ Compadre, você está acostumado a fazer isso?
__Ah compadre como diz o ditado a gente aprende a fazer isso é na hora! Vou dar uma paulada nele e depois acabo com ele na faca – respondeu ele.
E ajuntou muita gente e abriram a porteira e ele passou com seu burro a galope e acabou a braveza dele e cresceu a braveza do Antônio Adão e também acabou a festa.
Catiguá, quebra-machado(Trichilia clausseni) |
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