A compra do gado nelore
O amigo Neguinho preto (não sei o nome dele) e eu, estávamos em Goiandira e resolvemos voltar Cumari de trem de ferro, já no carro de passageiros começamos a negociar... Sempre fazíamos isso entravamos e bares falando enrolado como se fossemos estrangeiros, fingimos ser ricos... Mas neste dia estávamos negociando 150 novilhas nelore, todas branquinhas amojando. Nosso negócio estava pego em duzentos contos eu queria 2 mil e ele dava apenas mil e oitocentos... No banco de trás tinha um senhor vestido com paletó, gravata, chapeuzão, botas de montaria e logo entrou quis entrar no assunto:
__ Posso participar deste assunto? – perguntou-nos
__Sim meu senhor – disse o neguinho- seja bem vindo!
E contamos o que estava acontecendo, ele então perguntou:
__ O senhor não vai comprar?
__ Não, eu só dou mil e oitocentos, mais nada...
__ E eu só dou as novilhas por dois mil, nem mais nem menos!
O senhor ia de passagem direta para Minas, mas resolveu ver as tais novilhas e comprar. Chegando à estação de Cumari o senhor desceu para ver o gado e as novilhas do Pedro barulho, e com o movimento da estação, descemos pelo outro lado e corremos e escondemos no campinzal.
Ele dizia a todos:
__ Perdi-me de dois boiadeiros um negro e outro branco de olho azul, queria muito ver o gado deles, vocês não viram eles?
Depois de muito nos procurar o chefe da estação disse:
__ Não eram boiadeiros não eram o Pedro e o Neguinho, eles apearam do lado de baixo e correrão...
O senhor ficou muito valente com a peça que havíamos lhe pregado, e nós tivemos que ficar escondidos até que o tio Virgílio foi levar ele de Decavê até a Anhanguera e ali ele embarcou no trem novamente.
Decavê |
O carro de bois
O Sr. Zé Inacim (José Inácio) se mudou e o Sr. Urias Dutra comprou o terreno e junto vinha um carro de bois, sabendo que não tinha ninguém na propriedade, derrubamos as paredes da casa, jogamos coisas dentro da cisterna e por fim jogamos o carro no esbarrancado ele foi falar com o pai, mas pai ficou foi chateado com ele.
A vaca Vidraça
A vaca Vidraça, era a vaca preferida do Vôvô Antônio Lourenço e tio Delfino morava na Matinha onde ficava o gado do vôvô, todos os bezerros bonitos ele punha logo a marca dele V1 e marcava para o seu filho Vagner. De tempos em tempos ele abatia uma das vacas comia e não dava para ninguém, e vôvô nunca falava nada. Um dia eu estava me sentindo pobre e insultado com os atos do meu tio e disse para o tio Vergílio:
__ Se o tio Delfino matar outra vaca, eu vou matar uma também.
__ Cala a boca – disse meu pai – depois o Delfino mata e você vai passar pela vergonha em não matar nada!
__ Oh senhor vai ver, pai quem eu sou! Nós vamos fazer uma guerra.
Juízo era nada.
Tio Delfino sabendo do ocorrido disse para o Palmero:
__ Tem gente falando em matar vaca aqui, mas antes vai ter que amarrar a calça! – e matou outra vaca do vôvô a Lamparina.
Quando soubemos disto, Braz e eu pegamos os cavalos: Eguão e o Bainho, peguei o laço do meu pai de amansar boi e amarrei na garupa. Meu pai chegou e perguntou:
__ Onde vocês vão?
__ Vamos buscar a vaca para comer carne – respondi
__ Deixa disso meus filhos – nos aconselhou – toda vida eu comprei e matei vaca pra vocês, vocês não precisam fazer isso! Vê aí temos carne...
__Ah pai é pra mostrar que nós somos homens! E não adianta o senhor dizer mais nada, vamos matar mesmo!
E fomos meu pai arriou uma égua chamada Jardineira e foi atrás. Chegamos bem no fundo da sede tio Delfino estava cobrindo o paiol, separamos a melhor vaca do vôvô, a preferida: Vidraça, junto com outras cinco e tocamos até o curral do nosso sítio. Minha mãe chorava e eu dizia:
__Pode ficar calada mãe agora chegou a hora da senhora ver que os seus filhos são homens mesmo!
Lacei a vaca Vidraça, amarrei-a no esteio e tocamos as outras para trás pra sede do vôvô, passei no rancho do Euclides Araújo (Ocrídio filho da tia Maria) e disse a ele:
__ Vamos lá em casa pra você matar a Vidraça para mim, eu vou te dar um quarto da carne.
__ Olha Pedro isso vai dar um rolo!
__ Não tem importância o rolo vai ser comigo, não com você...
Ele montou na garupa, matou a vaca, escarnamos, ele levou o seu quarto e dei outro quarto para o tio Zeca e tio Tõe, Tio Zeca Lourenço era gago e quando fomos levar o pedaço para o tio Antõnio Alves perguntamos ao tio Zeca se ele queria um pedaço ele na agonia disse:
__Pra, pra não que que quero não isso vvv vavai darrr um rolo danado!
Então levamos para o tio Toe.
Ficamos com uma banda e minha mãe só foi comer da carne oito dias depois...
Cheio de ignorância que eu achava que era razão eu dizia:
__Deixa alguém falar alguma coisa que vai engolir estanho!
E Braz, tão cheio de razão quanto eu! Por ser mais velho eu deveria dar exemplos bons ao meu irmão, mas ao contrário, eu influenciava meu irmão mais novo a fazer coisas erradas comigo!
A coisa ferveu com a notícia e resolveram fazer uma reunião na casa do vôvô e eu e Braz fomos para a reunião... Medo? Nós não conhecíamos essa palavra! Ficamos ali junto com todos como se não tivéssemos feito nada... Até que resolveram entrar no assunto...
Então o padrinho Jacinto disse:
__ Pai quem tem horta não deve couve. Se o Delfino não matasse, eles não matavam também, o senhor sabe que esses filhos do Urias, têm sangue dos Severino, e eles dizem que mata gente por causa disso, e matam mesmo, eles demonstram que não tem medo de ninguém. É melhor deixar esse negócio assim, senão vai ficar pior... Eu acho que o senhor deve fazer assim: quando for matar vaca o senhor avisa para os filhos e genros e o senhor leve a balança, pesa, tanto para um e o mesmo tanto para outro, só assim vai cessar esse negócio... Se não for assim esses meninos vão matar o Delfino e ninguém pode dizer que eles não tem certa razão...
Vôvô Antônio Lourenço concordou e todos filhos também concordaram e após esse tratado ninguém mais matou vaca do vôvô sem todos estarem presente...
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