No ano de hum mil novecentos e trinta e nove do nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo, no município de Cumari, estado de Goiás na Fazenda Rosa, nasce o varão: Pedro Antônio Lourenço da Silva, filho de: Urias Lourenço da Silva e Lina Maria da Silva.
Sendo eles pessoas humildes, filhos de mineiros, mas sendo ele já nascido em Goiás, de descendência portuguesa e ela nascida em Dourados Quara de descendência alemã, ambos de procedência católica. Recebi esse nome: Pedro Antônio por causa de votos feito por minha mãe e meu pai, na ocasião do meu nascimento, minha mãe teve dificuldade para me dar à luz, então meu pai fez um voto para São Pedro que se nascesse homem era para chamar Pedro e minha mãe sem saber fez um voto para Santo Antônio que o bêbê se chamaria Antônio, daí quando nasci fizeram um acordo e fui chamado: Pedro Antônio.
Sou o primogênito de 10 filhos, 5 homens e 5 mulheres: Maria (in memorian), Aparecida, Eu, Zélia, Braz, Lázaro, Bráulio, Eleusa, Ileide e João de Deus. meu pai lavrador pobre, mas honesto, minha mãe do lar, fiel, incomparável, nos criaram no verdadeiro amor, embora com dificuldade, mas sempre tivemos alegria no lar.
Amo muito todos os meus irmãos e se cito mais o Braz no livro, foi devido a nossa faixa etária, convivi mais com ele, pois os outros eram bem menores...
Quando pequenos, antes de deitarmos meu pai fazia uma caçarola de polenta, e cada um de nós com uma colher faziam a festa, comíamos juntos, menos minha mãe que não gostava.
Foi crescendo a família, e que prazer era o dia de domingo, quando nós íamos para Cumari, para a casa do Vôvô Lourenço e vovó Sudária (Dara). ali reunia a família na época chegávamos a 72 netos!
Não tive o prazer de conhecer a vovó Elmira mãe da minha mãe, esposa do vôvô José Severino, pois ela faleceu após ter sido picada por uma cobra, deixando os filhos e filhas pequenas, para meu avô criar, mamãe já era casada, Ele os criou e casou a todos e viveu muitos anos, morando ora com um filho ora com outro... Muitas vezes ficou conosco, e era um prazer estar com ele, era pobre, mas amoroso, quando vinha da roça trazia para nós: guapeva, jambo, genipapo, marmelada do campo, entre outras frutas do campo e cerrado...
Nós gostávamos quando ele nos carregava no seu pescoço, e na hora de comer (almoçar ou jantar) dizia:
__he he compadre Urias é hora de matar o bicho! – tomava uma xícara de pinga, e depois almoçava, mas nunca o vi tonto.
Vôvô Lourenço era rico e bravo, às vezes não gostávamos muito dele, era sistemático e positivo, e gostava muito de bolos de fubá de doce fritos, e uma vez ele deu uma capanga de bolos para nós, Braz e eu, destruirmos o ninho de Bem-te-vi, que chocava no bacuri na porta do seu rancho na roça, dizia o vôvô que bem-te-vi era traiçoeiro que ele havia denunciado Nossa Senhora para o capeta que Jesus fora escondido dentro da casa do João de Barro. Então João de barro saiu na porta da casa e dizia:
__ É mentira! É mentira!
E o bem - te-vi respondia:
__Bem te vi! Bem te vi!
Não sei quem contou essa estória para ele, sei que ele acreditava nisso, e nós também tanto que subimos no bacuri e quebramos os ovos do Bem-te-vi e ele ficou muito feliz. Vôvô era católico, os Agapito fizeram a igrejinha de São Miguel e encomendaram um sino em São Paulo pelo correio e quando o sino chegou não tinham verba para pagar o sino, o sino estava na estação e ia voltar então vovô foi ali e pagou o sino que até hoje se encontra na matriz, ele dizia:
__ Fiz isso porque São Miguel não ia ficar satisfeito, xeu (seu) fulano...
Vovô Lourenço tocava lavoura no tempo da chuva e na seca ele carreava com seu carro de boi de Uberaba a Goiás Velho, junto com outros carreiros, às vezes faziam duas viagens por seca... Levava toucinho salgado, arroz, polvilho, açúcar, rapadura, farinha... E vendia tudo. De lá pra cá voltava trazendo querosene, sal... Com esse negócio ele começou a ajuntar dinheiro e adquirir bens, comprando as terras dos seus irmãos que ou voltaram para Minas ou se mudaram para mais adiante e de outras pessoas, e ele chegou a emprestar dinheiro até para o Sr. Trajano um dos fazendeiros mais abastados da região.
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