Minha infância
Fazendo muitas Artes...
Braz e eu andávamos pelos campos e matas procurando mel, caçávamos e pescávamos, tomávamos banho no poço da Guapeva (tia Zulmira). Tia Zulmira se incomodava e ia levar comida para a gente, no poço do Buriti (tio Zeca) de lá passava no pé de jenipapo, no poço do Bueiro (Padrinho Jacinto), brincando de jacaré do poço ou matando os morcegos e fazendo um montão, no Ribeirão Pirapitinga (vô Antônio Lourenço) ponto preferido pé de jambo comíamos a fruta e a semente ía para o estilingue, comíamos tudo o que achávamos, mel com guariroba,e todo tipo de frutas do campo e cerrado,olhávamos o que os passarinhos comiam e comíamos também...
Jogávamos biloca, fazíamos arapuca e laço para pegar passarinho (jaó era gostoso demais), tocava pião,chupávamos mexerica, comíamos pipoca. No rancho da Matinha lutamos para matar um jacaré, mas não conseguimos só o tio Delfino conseguiu, eita carne gostosa... eita vidinha mais ou menos! Quanto mais eu crescia mais as artes cresciam e aumentavam também.
Quando aparecia algum animal que não era nosso logo aprontávamos, amarrávamos uma lata no rabo do animal e soltava para fazer avião a jato, eram coices e rinchados para todo lado.
Gostávamos de balançar nos cipós um dia Vardim Martins e eu fomos balançar e encontramos uma caixa de marimbondos costa-de-ouro e tomamos muitas ferroadas, Vardim dizia:
__ Vai doer lá na Coréia!
Outra vez tentei pegar um periquito e quase fiquei sem meu dedo enquanto a turma gargalhava.
Juntava com os outros primos e formávamos a Turma do Boeiro... Uma verdadeira quadrilha de moleques roceiros terríveis: Eu, Braz, Vardim, Tota, Aparecido, Zé do tio Vergílio, Sebastião Silvestre, Divaldo Silvestre, Celestino, Santinho, Delfininho, Pedro Garrucha do Antônio Barba, Zezinho da tia Zulmira, Tota, João do Zé Inacinho, Badeco, Antônio do Chico Inácio...
Também vendíamos laranja na caixa d’água que abastecia o trem, O Sr. Chico Alves condutor do trem, era bom e parava, chupava laranjas e perguntava se já tínhamos terminado de vender para depois seguir viajem, mas o maquinista Colher quase não parava, então passávamos sabão nos trilhos, a máquina deslizava e era preciso parar e jogar bastante areia para seguir, as vezes meus primos punham pregos na junta dos trilhos e as máquinas descarrilavam, até tombavam...
Negociando uma mola de canivete
Perto do sítio do meu pai, morava um conhecido o Sr. José Inácio, conhecido como Zé Inácinho, ele tinha um filho por nome João e ambos foram na Festa de Trindade, e ali Joãozinho comprou duas molas de canivete (hoje chamamos de chaveiro) e quis me vender um, eu disse:
__Se você me esperar até domingo eu te compro.
__ Pode! - Disse-me ele
Assim eu o comprei. No domingo fui vender bananas na estação para pagar o tal canivete, porém não consegui vender, nem para a esposa do Pacheco que era doceira e sempre me comprava tudo e pagava mais barato, mas ela também não quis!
À tarde voltei para casa cansado e com as bananas pretas do sol sem vender nada, sem dinheiro. Chegando a casa meu pai me disse:
__ Não vendeu?
__ Não – respondi - e o pior é que o Senhor tem que me emprestar dois mil reis para eu pagar o João do Zé Inacinho, pois eu comprei dele esta mola e tenho que pagar hoje.
Meu pai disse: __Eu não vou te emprestar não, vou te dar, isto é para você aprender a fazer negócio, nunca fazer negócios sem saber onde está o dinheiro, que isso te sirva de lição.
O saranhão do tio Zeca
Um dia encontramos um saranhão bem grande no bingueiro no fundo da casa do tio Zeca e pedimos ele para tirarmos o mel e ele nos avisou que daquela abelha não dava para tirar o mel pois cortava como formiga cabeçuda. Tentamos mas não conseguimos cortava a pele e o cabelo deixamos até a lata e o machado no lugar, e ele do alto do barranco ria muito.
saranhão (enxame de abelhas) |
Bingueiro, jequitibá (Cariniana estrellensis) |
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